O Brasil fechou 157,9 mil vagas com carteira assinada em julho, o pior resultado para o emprego formal dos últimos 24 anos. O mês passado foi o quarto seguido em que o número de demissões foi maior que o de contratações. O país acumula um resultado negativo de quase meio milhão de vagas nos sete primeiros meses do ano.
O saldo de julho, informado nesta sexta-feira (21), pelo Ministério do Trabalho e Emprego, é muito inferior ao registrado no mesmo mês de 2014, quando foram criadas 11,8 mil vagas. Há 16 anos o país não registrava um número negativo no mês de julho. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do mês passado são fruto de 1,397 milhão de admissões e 1,555 milhão demissões. Os dados são sem ajuste, ou seja, não incluem as informações passadas pelas empresas fora do prazo.
Para o economista-chefe da AZ FuturaInvest, Paulo Eduardo Nogueira Gomes, os números estão em linha com a taxa de desemprego divulgada na quinta-feira (20) pelo IBGE, de 7,5%. “A tendência é continuar piorando e o desemprego pode atingir 10% já em janeiro do próximo ano”, comentou.
O dado de julho fez com que o número total de trabalhadores com carteira assinada no país caísse de 41,5 milhões em julho de 2014 para 40,7 milhões no mês passado. No cálculo de doze meses, entre agosto de 2014 e julho deste ano, o país acumula uma perda de 778,7 mil vagas.
Já nos primeiros sete meses do ano, pelos dados ajustados, o total de postos fechados soma 494,4 mil. Pela primeira vez desde o início da gestão petista no Palácio do Planalto, em 2003, o saldo acumulado de janeiro a julho ficou negativo. O número mais baixo registrado nesse período foi no ano passado, quando houve geração de 681,5 postos de trabalho.
Retomada
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, não quis conceder entrevista coletiva sobre os dados, mas falou com a imprensa pela manhã, antes da divulgação. Segundo ele, tem gente que torce até para um desemprego de 100%. “Mas isso não vai ocorrer. O país está tomando as medidas necessárias, o governo tem retomado os investimentos”, afirmou, acrescentando que a economia está sendo afetada por uma crise política.
Dias comentou ainda que os resultados iniciais do Programa de Proteção ao Emprego (PPE) são promissores, com duas empresas já tendo aprovado os acordos coletivos específicos com os sindicatos. A medida, anunciada em julho, permite a redução da jornada de trabalho e dos salários dos empregados na indústria em até 30% em tempos de crise ou de queda expressiva de produção. Para o empregado, o salário será cortado em até 15%, já que haverá complementação do valor com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).