O governo brasileiro pode acionar na segunda-feira a Organização Mundial do Comércio (OMC) para que a entidade passe a monitorar o impacto dos pacotes lançados para proteger as indústrias dos países ricos frente à crise, segundo reportagem publicada neste domingo (8) no jornal "O Estado de S. Paulo".
A OMC vai se reunir nesta segunda-feira pela primeira vez para avaliar as consequências da crise econômica no comércio internacional. O governo teme que as operações de socorro, incluindo as do presidente americano, Barack Obama, que está para ser votado, irradie pelo mundo uma nova onda de ações de cunho protecionista e nacionalista.
Escalada
"Há uma escalada progressiva do protecionismo e esse cenário pode piorar, se nada for feito", afirmou o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo.
O Brasil vai afirmar que o uso de tarifas alfandegárias, a medida protecionista mais comum, é apenas a arma dos países pobres. Os ricos usam seus orçamentos bilionários para ajudar as suas empresas e é nesse campo que a OMC deveria ficar atenta.
Além do setor industrial, o Brasil destaca a explosão do volume dos subsídios no setor agrícola. É o caso do cultivo de algodão nos Estados Unidos, que voltou a ser subsidiado, mesmo que a prática já tenha sido condenada nos tribunais da OMC.
O governo também se preocupa com o pacote de Obama, cujo conteúdo protecionista dificilmente será alterado até sua votação no Senado.
Mas o pacote de Obama não é o único com problemas. Na França, o governo quer usar parte dos recursos de um plano de relançamento da economia para exigir que empresas locais comprem apenas produtos franceses.
Distorções
O discurso no Itamaraty é que os recursos dados às indústrias criam distorções e reduzem a competitividade dos países emergentes.
"Nesse cenário, quem mais perde são os países em desenvolvimento", afirmou Azevedo. Isso ocorre porque a grande maioria das economias emergentes depende das exportações para alavancar o crescimento.
"Essa extrema vulnerabilidade ao comércio ilustra os perigos do protecionismo", alerta a própria OMC. Para a entidade, a proliferação dessas medidas ainda "diminuirá a perspectiva de uma recuperação rápida da economia mundial".
Encontro com Obama
Além de recorrer à OMC, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para discutir a questão com Obama, na primeira conversa entre ambos, em Washington. O encontro deverá ocorrer em seguida à participação do presidente brasileiro em seminário empresarial em Nova York, em 16 de março.
Duas semanas depois, em Londres, Lula fará um contundente discurso contra a opção protecionista e em favor da retomada da Rodada Doha da OMC durante o segundo encontro de cúpula do G20, em Londres, conforme informou um colaborador da Presidência.
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