São Paulo Até 2010, o Brasil tem condições de dobrar o total investido em inovações tecnológicas, que hoje corresponde a cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). A avaliação é do presidente da Confederação Nacional das Indústrias, (CNI), Armando Monteiro Neto. Ele diz que essa é uma meta possível, além de ser fundamental para manter a competitividade da indústria nacional. Esse foi um dos assuntos tratados ontem, no segundo dia de atividades do 2.º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, promovido pela CNI.
O salto no investimento tecnológico deve vir principalmente do setor privado, segundo Monteiro Neto, que hoje aplica poucos recursos em relação ao poder público. "O papel da empresa é fundamental na inovação. Claro que, no Brasil, ela é desafiada a enfrentar muitas dificuldades, mas esse processo é fundamental para que ela sobreviva e se insira de forma competitiva no cenário internacional", declarou. Segundo ele, os investimentos brasileiros em inovação estão muito aquém do que o praticado por outros países emergentes, como, por exemplo, a Coréia, que investe o equivalente a 3% do PIB.
Uma barreira que o país precisa superar, diz o presidente da CNI, é unir a força dos pesquisadores com a necessidade das empresas. "O Brasil tem um problema, que é o de aproximar a academia da economia", observou. Para resolver isso, diz ele, o governo deve criar linhas de financiamento que atenuem o risco de investimento em algumas áreas, ampliando os trabalhos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
As empresas também devem apresentar mais projetos. Conforme relato do diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique Brito Cruz, sobre reunião no Ministério da Ciência e Tecnologia com representantes da Finep, sobram recursos para algumas linhas específicas, como a de custeio para o pagamento da folha de pagamento para pesquisadores.
Apesar das dificuldades, o Brasil vem se destacando em algumas áreas, como atração de investimento exterior em inovação, registro de patentes e bom nível tecnológico dos produtos exportados. Esses dados foram apresentados pelo professor Marc Giget, do Centro Nacional de Artes e Ofícios da França. "Por causa dos biocombustíveis, todos os olhos do mundo estão voltados para o Brasil. Isso exemplifica bem o ganho que pode se ter com a inovação", afirmou o professor.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, disse que o Brasil precisa investir em uma estrutura industrial diversificada, rompendo com o modelo atual. Rocha Loures, que também é presidente do Conselho Temático de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico da CNI, voltou a criticar a taxa de câmbio. "Quanto mais valorizado o real, menor o número de setores com capacidade competitiva."