Por um acidente climático na Argentina, o Brasil pode se tornar na temporada 2008/09, pela primeira vez, o segundo maior exportador mundial de milho, apontaram dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) nesta terça-feira.
O USDA estimou as exportações argentinas em 08/09 em 7 milhões de toneladas, contra 10 milhões de toneladas previstas para as vendas externas do Brasil, que só ficaria atrás dos Estados Unidos, com exportações previstas em 45 milhões de toneladas.
O Brasil ficaria ainda à frente da Ucrânia, com vendas externas estimadas em 08/09 em 4 milhões de toneladas, da África do Sul, com exportações previstas em 2,5 milhões de toneladas, da União Européia (2 milhões) e até da China, que já foi um grande exportador, com embarques nesta temporada projetados em apenas 500 mil toneladas pelo USDA.
Uma seca na Argentina reduziu a safra, que ainda está em desenvolvimento, para 13,5 milhões de toneladas em 08/09, ante 16,5 milhões de toneladas na previsão de janeiro e contra 20,85 milhões em 07/08.
A produção do Brasil, com uma estiagem no final do ano passado nos Estados sulistas, também foi afetada, sendo reduzida agora em fevereiro pelo USDA para 49,5 milhões de toneladas (ante 51,5 milhões em janeiro e contra 58,6 milhões em 07/08).
Mas os brasileiros começaram 08/09 com grandes estoques da temporada anterior (de mais de 10 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura), pois a safra 07/08 foi recorde e as exportações não foram tão brilhantes no ano passado.
E esse volume estocado da temporada passada e um consumo interno no Brasil em 08/09 entre um leve crescimento e uma estabilidade, segundo apontam alguns consultores, garantiriam oferta suficiente para as exportações previstas para o Brasil.
Mesmo o Ministério da Agricultura brasileiro, que vê crescimento no consumo interno em 08/09 para 46,7 milhões de toneladas (ante 44,5 milhões em 07/08), aponta exportações nacionais de 9 milhões de toneladas.
O Brasil consome internamente grande parte de sua produção, graças a sua forte indústria de carnes, exportando até poucos anos atrás apenas o excedente. Já a Argentina costuma exportar a maior parte do que produz.
Nem tanto ?
Mas uma fonte de uma trading internacional no Brasil, que quer ficar no anonimato, não tem tanta certeza de que os brasileiros poderiam passar os argentinos na exportação de milho.
Questionado sobre o assunto, ele respondeu: "Talvez sim, vai depender muito de como vai ser o clima para a safra da Europa (potencial comprador do milho brasileiro), ainda está muito cedo para falar alguma coisa".
No entanto, ele admitiu que a Argentina está com um "problemão".
"Os estoques de passagem (na Argentina) não são tão grandes como a gente pensava, a produção está ruim, mas ainda está muito cedo para falar sobre a exportação brasileira para este ano."
Outro fator que favorece o Brasil é o fato de a Argentina estar, no momento, com licenças suspensas de exportação, disse a fonte.
O trader disse que os negócios externos do Brasil, ao contrário do que ocorreu no final de 2008 e início de 2009, não estão tão aquecidos atualmente, com as cotações na bolsa de Chicago tendo recuado dos 4 dólares por bushel verificados no início do ano.
E o câmbio no Brasil também não está tão favorável para a exportação, em relação ao pico recente, que chegou a 2,5 reais em dezembro de 2008. Atualmente está na faixa de 2,2 reais.
O Brasil exportou 1,32 milhão de toneladas em janeiro, após ter exportado 1,36 milhão em dezembro.
A programação de embarques para fevereiro, até o momento, indica embarques de pelo menos 500 mil toneladas, segundo um corretor de São Paulo.
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