Mais do que o país da Copa e das Olimpíadas, o Brasil há tempos já conquistou o título de referência mundial no setor de combustíveis alternativos. Além do álcool de cana-de-açúcar, que existe por aqui desde os anos 70, o país consolidou esse título "verde" ao liderar as pesquisas globais na tecnologia bicombustível. Com o sucesso dos veículos flex, as montadoras nacionais ganharam a conotação mundial de desenvolvedora de veículos ecologicamente corretos. No entanto, para sustentar tal imagem e, consequentemente, um espaço de destaque nos mercados internacionais, os engenheiros brasileiros não podem parar no tempo.
A constatação partiu do diretor chefe de Tecnologia da Delphi Corporation e presidente da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) International, Andrew Brown Jr. Em visita ao Brasil, o norte-americano disse ao G1 que o governo brasileiro precisa trabalhar em conjunto com montadoras, fornecedoras de autopeças e universidades para o país se tornar uma potência em exportação de soluções ecológicas para a mobilidade.
"Sem essa pareceria, não será possível crescer em nível global. O Brasil achou uma saída para um problema interno e criou os veículos flex. Agora, precisa ampliar os investimentos para levar esse tipo de iniciativa a outros mercados", ressalta Brown. Segundo ele, a tecnologia automotiva mundial se concentrar em três pilares: segurança, meio-ambiente e conectividade. "É a oportunidade para o país crescer", destaca Brown sobre o quesito ao qual se refere como "green" (verde, em inglês).
Na opinião de Brown, ao se concentrar nos veículos flex, o Brasil ganha mercado mesmo com a concorrência de montadoras chinesas e indianas. "A China está voltada para a produção de baterias para veículos elétricos, enquanto a Índia desenvolve softwares. O Brasil tem um grande espaço para explorar", afirma.
O presidente da Dana América do Sul, Harro Burmann, concorda com a afirmação de Andrew Brown Jr. O executivo participou do projeto de reestruturação da Dana nos Estados Unidos, que chegou a entrar no Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos. Após ajudar a empresa de autopeças a se recuperar, Burmann traz como conselho à indústria automobilística nacional manter o foco. "O Brasil precisa definir no que ele quer ser bom. Uma vez definido, desenvolver a plataforma mundial", diz o executivo da Dana.
Se inovação é o segredo de sustentabilidade, como Andrew Brown Jr constantemente afirma, então o Brasil já passou da fase de engatinhar. Nesta semana, engenheiros brasileiros apresentaram as principais novidades do mercado no Congresso SAE Brasil, organizado em São Paulo.