Artigo assinado pelo chefe do escritório brasileiro do jornal britânico "Financial Times" traz críticas à condução do modelo de concessões adotado pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Intitulado "O Brasil periga perder uma década enquanto estraga o impulso à infraestrutura", Joe Leahy diz que em termos de investimento em transportes, o Brasil está muito atrás de outras grandes economias e que o governo perde tempo com "erros bobos".
O artigo cita o fracasso do leilão de concessão da BR-262, que terminou sem interessados, e a ausência de gigantes do setor petrolífero no rol de candidatos a explorar o leilão na área de Libra. No lugar das 40 empresas esperadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), 11 se inscreveram.
"O governo está tentando resolver o atraso na infraestrutura. Mas haja vista os dois processos licitatórios na semana passada uma para rodovias e outros para blocos de petróleo esse processo precisa entrar em ação ou ameaça condenar o Brasil a uma década perdida em termos de maior crescimento econômico potencial", afirma.
O artigo frisa que apesar do grande estímulo governamental, a parcela de investimentos no Produto Interno Bruto (PIB) continua bem atrás da proporção encontrada em grandes economias. No caso do petróleo, o governo exigiu uma taxa de inscrição de R$ 2 milhões das empresas que manifestaram interesse em participar do leilão. "Críticos dizem que o governo é obcecado por controlar a taxa de retorno do setor privado, ao ponto de tornar os projetos não atrativos", escreveu.
"Novo capitalismo"
A piada, diz Leahy, é que o partido de centro-esquerda de Dilma tem um instinto tão grande em desconfiar do setor privado que quer inventar um novo tipo de sistema econômico: o capitalismo sem fins lucrativos.
"Se os projetos forem concedidos até 2015, eles não serão concluídos até 2020. Levando em conta os três últimos anos de progresso econômico fraco, o Brasil periga ter uma década de crescimento lento. Pode não ser dois séculos, mas na era da globalização, uma década é um tempo longo demais para ser perdido", analisou.
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