O Brasil precisa reestruturar setores da economia para aumentar as exportações e, assim, reverter o deficit na balança comercial, afastando o perigo de uma possível crise.A avaliação foi feita nesta quarta-feira (27) por Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central entre 2003 e 2010 e atualmente é presidente do conselho da J&F (holding que controla empresas como JBS).
Meirelles abriu o Fórum de Exportação, evento realizado pela Folha de S.Paulo. O fórum é o quarto seminário da série que discute temas do país e ocorre em São Paulo, entre esta quarta (27) e quinta-feira (28).
De acordo com o ex-presidente do BC, o Brasil possui um deficit de 3,4% no PIB (Produto Interno Bruto), percentual muito próximo ao limite, que é de 4%. A proximidade é perigosa, já que, historicamente, o país entra em crise quando se aproxima demais desse patamar."As exportações e importações cresceram durante a década passada até o início da crise. Porém, atualmente há a estagnação do crescimento e a solução para o baixo desempenho econômico passa pela elevação das exportações", afirmou.
Para Henrique Meirelles, o país precisa obter um crescimento satisfatório nas exportações e, assim, alavancar o crescimento. Para isso, é necessário mudanças, passando pela infraestrutura e investimento em produtividade e inovação.
Futuro
Para o ex-presidente do Banco Central, a retomada das exportações passa por cinco questões essenciais, como aumento da produtividade e investimentos em inovação e empreendedorismo, por exemplo.
Meirelles afirmou que a longo prazo é possível vislumbrar um ajuste na taxa de câmbio e que isso é necessário para a competitividade dos produtos brasileiros.Outro gargalo que prejudica as exportações do país são os custos do transporte, setor que necessita de investimentos para uma melhora no custo aos produtores, segundo Meirelles.
A produtividade foi outra questão levantada por ele como forma de alavancar as exportações. "Deveríamos redirecionar os incentivos de consumo para aumentar a produtividade e a melhora de custo e de qualidade, em vez de apenas incentivar o consumo".
Ele também apoiou uma reforma tributária entre Estados e governo federal. "Necessitamos de uma reforma que elimine as distorções que prejudicam as exportações. Sabemos da dificuldade, entre Estado, município e regiões, mas temos que enfrentar esse problema e resolver".
Por fim, Henrique Meirelles ainda que as empresas devem investir parte do lucro gerado em inovação e empreendedorismo para o crescimento da competitividade.
Fórum
A Folha promove nestas quarta (27) e quinta-feira (28) um fórum sobre exportações para debater os prognósticos da balança comercial do Brasil e a inserção do país no cenário econômico global.
O evento ocorre nos dois dias das 9h às 13h no Tucarena (rua Monte Alegre, 1.204, Perdizes), e as inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo telefone 0800-777-0360.Parte do ciclo de Seminários Folha, as palestras e painéis reunirão especialistas em comércio internacional e abordarão temas como equilíbrio no câmbio, protecionismo, entraves à exportação industrial, desafios logísticos e o papel da China na balança.
A abertura será feita por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e atual presidente do conselho da J&F (holding que controla empresas como JBS).Participarão também os ex-ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), Sérgio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e José Botafogo Gonçalves (Indústria, Comércio e Turismo); o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, Rubens Barbosa, e o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
Os economistas Gesner Oliveira (FGV), Paulo Feldmann (FEA-USP) e Marcos Troyjo (Universidade Columbia) também falarão no evento, além de André Clark, da Camargo Corrêa; Marcos Jank, da BRF; e Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Completam a lista o consultor em comércio e política agrícola Pedro de Camargo Neto e Daniel Furlan do Amaral, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. O fórum será apresentado por Raquel Landim, repórter especial da Folha e colunista do site.
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