O aumento da taxa de desemprego entre dezembro e janeiro não preocupa os economistas, porque reflete a sazonalidade do período. O índice de desocupação segue uma tendência de queda e deve continuar com esse comportamento no decorrer do ano. No entanto, há um alerta: caso o país não apresente as mesmas taxas de crescimento dos últimos anos, o desemprego pode aumentar.
A economista Adriana Beringuy, da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, afirma que o aumento da taxa entre os dois meses reflete o efeito sazonal: em dezembro o comércio vive seu melhor período e, em janeiro, a produção industrial diminui. "Mesmo assim, os dados têm mostrado que o Brasil mudou de patamar nos últimos anos e o aumento da taxa não mostra nenhuma fuga do padrão normal. Taxas menores para o mês não são mais novidade nos últimos meses", avalia Adriana.
O rendimento médio do trabalhador, que aumentou 0,7% entre dezembro e janeiro, passando de R$ 1.661,17 para R$ 1.672,20, deve continuar, no mínimo, estável. A opinião é do diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço. "O cenário econômico é positivo, com crescimento baseado no mercado interno. A taxa de desemprego deve continuar diminuindo, com o mercado de trabalho aquecido. A renda do trabalhador deve se manter estável ou subir levemente nos próximos meses", pondera Lourenço.
Cenário internacional
Para o professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Marcelo Curado, a taxa deve ser comemorada, principalmente levando em conta o cenário internacional de recessão em economias desenvolvidas. Mas, para Curado, não pode haver euforia em cima do número: é preciso que o país continue crescendo para manter o nível de emprego.
"Esse dado é muito bom, pois mostra que o Brasil está com uma taxa de desemprego muito baixa, indo no caminho oposto ao que acontece no mundo. Entretanto, é preciso que se ligue o sinal amarelo: em média, nos últimos anos, a economia brasileira tem crescido cerca de 4% ao ano, e esse número precisa se repetir para que a taxa continue em baixa", salienta o economista.
O professor de Economia da Universidade Positivo Lucas Dezordi acredita que a taxa deva subir um pouco ao longo do ano, mas vai se estabilizar na casa dos 6%. "A economia está indo muito bem e esse índice é muito bom em comparação com países desenvolvidos, que estão com taxas muito mais elevadas", analisa Dezordi.