Em 2012, o país recebeu um número recorde de turistas. Foram 5,67 milhões de pessoas, número 4,5% maior que o registrado no ano anterior. No entanto, o Brasil ocupa apenas a 37º posição entre os países receptores, e está longe de lugares como a Croácia (22º) e Cingapura (29º).
Para mudar o quadro, o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino, acredita que é necessário tomar medidas para deixar o país mais competitivo. O alerta foi confirmado por uma pesquisa da Embratur com 537 turistas nas seis cidades-sede da Copa das Confederações, em junho passado. Mais de um terço dos estrangeiros considerou alto os preços de passagens aéreas (38,4%), diárias de hotel (34,7%) e táxi (31,4%). O presidente conversou com a reportagem da Gazeta do Povo durante a 41.ª Feira de Turismo das Américas, realizada durante a última semana, em São Paulo. Como tornar o Brasil um país mais competitivo e atraente para os estrangeiros?
A primeira tarefa é resolver as questões legais: criar marcos regulatórios para a atividade privada, ampliar os orçamentos de promoção e rever a Lei Geral do Turismo. A segunda é aumentar a oferta de produtos turísticos e de destinos. O novo patamar do câmbio ajuda na competitividade e ajuda a atrair turistas estrangeiros. Nós crescemos 4,5% em 2012 e devemos crescer mais em 2013, chegando a seis milhões de turistas estrangeiros, o que representa um recorde histórico para o Brasil. O senhor defende o teto tarifário, uma medida polêmica para evitar abusos nos preços das tarifas aéreas. Como a Embratur está lidando com o setor no Brasil?
Há um desequilíbrio entre demanda e oferta no Brasil. Na última década houve a incorporação de milhões de passageiros num período muito curto, e a oferta de assentos e voos não cresceu no mesmo ritmo, o que resultou em preços cada vez maiores, sobretudo na alta temporada. Vamos continuar discutindo a desoneração tributária com o setor. Defendemos o investimento em aeroportos regionais, com a criação de novas rotas. E estamos propondo a criação da integração aérea continental. A União Europeia fez isso 15 anos atrás e deu certo. Com a fusão da TAM com a chilena LAN, acho que poderíamos aproveitar a oportunidade para abrir o céu para empresas do continente.
Os estrangeiros acham o Brasil um país caro, principalmente refeições e hotéis. Tem como reduzir os preços?
Estamos totalmente desalinhados com os outros países. Vamos usar como exemplo a Copa do Mundo: a média tarifária da hotelaria que se está se projetando no Brasil é o dobro do que foi cobrado pelos hotéis na África do Sul e na Alemanha, nos dois últimos mundiais. Esta lógica do empresariado é perversa e pode se voltar contra eles mesmos no futuro. Aproveitar a sazonalidade para lucrar é preocupante. Gera uma má fama no exterior. A desvalorização cambial vai nos ajudar, mas não podemos contar só com isso. Até lá, será fácil. O problema é o dia seguinte. E a hora de fazermos alguma coisa é agora.
O repórter viajou a convite da Abav.
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