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Análise

Brasil prova ao HSBC ser difícil o sucesso de “banco mundial local”

Os executivos do HSBC no Brasil privilegiaram as relações com o cliente em detrimento da rentabilidade, mantiveram excesso de pessoal e falharam em proteger os lucros contra a deterioração da economia nos últimos anos.

    Além disso, erros de estratégia e a crescente concorrência transformaram a unidade num problema para o banco com sede em Londres. Agora, a hora do acerto de contas chegou.

    O presidente mundial do grupo, Stuart Gulliver, prometeu dividendos maiores ao anunciar nesta terça-feira planos de cortar cerca de 20 por cento dos postos de trabalho no mundo. Como parte do plano, vai vender as unidades do HSBC na Turquia e Brasil, que juntos têm mais de 21 mil empregados.

    No Brasil, o processo de saída está bastante avançado, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto e pode envolver de 3 bilhões a 4 bilhões de dólares.

    Para Gulliver, a manutenção de um negócio caro responsável por só 7 por cento das receitas e 1 por cento do lucro antes de impostos não faz sentido.

    A saída do HSBC reflete a tendência de consolidação no setor bancário, com grandes bancos devorando rivais num cenário econômico mais difícil”, disse Claudio Gallina, chefe da área de instituições financeiras da Fitch no Brasil.

    A situação também destaca o impacto da intervenção do governo no setor bancário desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff instruiu os bancos estatais a reduzir os custos de empréstimos e intensificar a concorrência.

    Os maiores bancos privados do Brasil recuaram, preferindo proteger os lucros e o HSBC “foi pego de jeito”, disse a fonte.

    A gestão não conseguiu elevar a receita com empréstimos, o lucro ficou abaixo da média do mercado e os calotes superaram a média dos rivais. As despesas ficaram acima da inflação, o que diminuiu a eficiência, disse Tito Labarta, do Deutsche Bank.

    Vários altos executivos saíram, incluindo o ex-presidente Conrado Engel, que se juntou ao Santander Brasil.

Em 2014, o retorno sobre o patrimônio líquido foi negativo em 4,2 por cento, ante número positivo de 15,5 por cento em 2011, já abaixo da média de 20 por cento dos maiores rivais.

    O fato de ter tido desempenho inferior explica por que o HSBC vale apenas o patrimônio, diz o analista Eduardo Nishio, do Brasil Plural. Desde 2012, o HSBC cresceu menos que os rivais, minguando até ter apenas 2,3 por cento dos ativos bancários, 10 vezes menos do que o líder Banco do Brasil.

    Esta semana, a Bloomberg informou que o Bradesco fez o maior lance pelo HSBC, de 14 bilhões de reais em dinheiro. Itaú e Santander Brasil fizeram ofertas menores.

    “Um novo operador internacional não seria capaz de implementar eficiências operacionais semelhantes, pelo menos em termos de número de funcionários e de escala”, disse uma fonte.

    Itaú, Santander Brasil e Bradesco não quiseram comentar.

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