A presidente da República, Dilma Rousseff, disse nesta terça-feira (29) em entrevista que o Brasil tem todo o interesse em ajudar Portugal, mas ressalvou que a questão da compra de títulos da dívida pública portuguesa tem de cumprir os rigores da lei brasileira.
Segundo Dilma, a única alternativa seria que Portugal oferecesse garantias sólidas do pagamento. "O Brasil tem um compromisso com Portugal e sempre vai ter. Temos inúmeras parcerias e, no caso dos títulos, nós temos de cumprir os requisitos que dizem respeito ao uso das reservas no Brasil para esse fim", declarou a presidente.
"O Banco Central exige que sejam títulos que tenham uma classificação que, se não me engano, são 'AAA', para que seja possível comprar os títulos", comentou Dilma. Questionada se esse critério inviabilizaria a transação, já que os títulos da dívida portuguesa têm um risco "A-", ou seja, fora do padrão que a legislação brasileira exige, ela respondeu que "a única alternativa que nós vemos para este caso é a possibilidade de comprar títulos que não são 'AAA', mas com garantia", reforçou.
Indagada sobre quais as garantias necessárias, a presidente respondeu que seriam garantia real ou algum ativo que suprisse essas deficiências. "Isso é uma questão de negociação", sublinhou. A presidente disse que não foi feito nenhum pedido formal pelos portugueses de ajuda brasileira. "Já houve várias discussões a respeito, mas nada conclusivo. Nós, no Brasil, temos regras estritas para uso dos recursos decorrentes das reservas que acumulamos ao longo dos anos. Mas nós queremos ajudar", declarou.
Dilma fez questão de lembrar que "Portugal não é um parceiro qualquer do Brasil, mas um país com o qual temos uma ligação umbilical no sentido literal da palavra, culturalmente e politicamente. Somos frutos do processo dos grandes descobrimentos e Portugal marcou a vida do nosso País", comentou.