O Brasil propôs nesta sexta-feira ao governo do Paraguai a criação de um acordo automotivo entre os dois países. O Paraguai é um único membro pleno do Mercosul com o qual o Brasil ainda não tem um acordo no setor automotivo. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o assunto será discutido na Comissão de Monitoramento de Comércio entre Brasil e Paraguai. Os acordos automotivos são necessários porque este setor não foi incluído no Mercosul, o que significa que as vendas de veículos e autopeças não estão isentas da cobrança do imposto de importação como para os demais produtos. Os acordos bilaterais fechados com a Argentina e o Uruguai estabelecem cotas para a isenção do tributo.
A negociação de um acordo automotivo foi discutida nesta sexta, em Assunção. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, está chefiando uma missão ao Paraguai com representantes do governo e de empresários de vários setores. A assessoria de imprensa do ministro informou que o Paraguai manifestou a intenção de aumentar as exportações para o Brasil para US$ 1,2 bilhão até o final de 2009, 178% maior que o desempenho das vendas paraguaias para o mercado brasileiro em 2007 (US$ 434 milhões). As exportações do Paraguai para o Brasil nos nove primeiros meses de 2008 totalizam US$ 489,9 milhões. Em 2007, o Paraguai tinha apenas 0,4% de participação no mercado brasileiro de importados.
A assessoria do Ministério do Desenvolvimento informou que o aumento das exportações paraguaias deve ocorrer por meio de mais investimentos de empresas brasileiras naquele País. O ministro de Indústria e Comércio do Paraguai, Martin Heisecke, teria afirmado que o Paraguai quer oferecer oportunidades para empresas que queiram investir no país, permitindo o aumento do intercâmbio comercial e a diminuição do déficit comercial com o Brasil. O intercâmbio comercial entre os dois países este ano já é superavitário para o Brasil em US$ 1,413 bilhão. A intenção do Paraguai é diminuir este déficit com o Brasil em 50% até o fim do ano que vem.
Para o ministro Miguel Jorge, o incremento do comércio é factível, já que a corrente de comércio entre os dois países cresceu 69% de janeiro a setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2007, passando de US$ 1,4 bilhão para quase US$ 2,4 bilhões. Miguel Jorge ainda destacou o aumento das importações brasileiras de produtos paraguaios de US$ 261 milhões para US$ 488 milhões, no mesmo período comparativo. Para ele, apesar da crise econômica mundial, o momento é propício à exploração de nichos de mercado que possam fortalecer as bases produtivas nacionais.