O governo brasileiro está insistindo em fixar um limite máximo de importação de veículos e uma série de outras condições em troca da continuidade do acordo bilateral automotivo com o México, disseram fontes próximas das negociações nesta segunda-feira.
O Brasil informou no começo deste mês que queria renegociar ou encerrar o acordo devido à onda de importação de veículos do México, que estaria causando danos à indústria automotiva local.
O comércio de carros entre as duas maiores economias da América Latina atingiu cerca de 2,4 bilhões de dólares em 2011, com o Brasil no prejuízo com um déficit comercial de 1,7 bilhão de dólares -mais que o dobro do saldo negativo do ano anterior.
No centro da disputa está o efervescente mercado doméstico brasileiro para automóveis, que tem se tornado fonte de lucros para companhias como Fiat e General Motors. Os mercados automotivos no México e no Brasil são dominados por montadoras estrangeiras instaladas nos países.
O Brasil quer que o México concorde com um "teto" nas importações como forma de prevenir que o déficit comercial cresça ainda mais, disseram fontes do governo brasileiro à Reuters. Isso seria uma mudança substancial em relação aos termos prévios do acordo automotivo, que não impunha limites, segundo as fontes.
Uma delegação do México incluindo o ministro da Economia deve chegar em Brasília na terça-feira para uma rodada de negociações sobre o assunto.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro, Fernando Pimentel, disse anteriormente que o Brasil utilizaria a cláusula de saída do acordo se um acerto não puder ser atingido.
A disputa tem estremecido as relações diplomáticas entre os dois países e paralisou as conversas sobre um acordo bilateral comercial mais amplo.
"Infelizmente, a realidade no mundo de hoje é que acordos de livre comércio são muito difíceis", disse uma das fontes. "Você é quase obrigado a ter limites por causa de todas as medidas que os países estão adotando."
Os veículos vendidos no Brasil que são importados do México são normalmente os de maior valor, incluindo carros feitos por Ford e GM.
O Brasil também vai pedir ao México que amplie o uso de autopeças regionais em seus carros, já que boa parte dos componentes viria atualmente dos Estados Unidos.
Autoridades do México têm afirmado que o acordo automotivo favoreceu o Brasil por muitos anos e que o governo brasileiro não o contestava enquanto tinha superávit comercial com ele.
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