O ministro da Fazenda, Guido Mantega, participará na quinta-feira (11) da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Tóquio, onde manterá um encontro com os representantes do Brics. O bloco das economias emergentes é o mais interessado na reforma de cotas do Fundo, aprovada em 2010, porém ainda não implementada. Com a reestruturação, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul passam a ter mais poder nas decisões da instituição internacional.
As eleições presidenciais americanas atrasaram a ratificação por parte dos EUA, que tem o maior percentual de cotas (em torno de 15%). A expectativa brasileira em Tóquio é avançar o máximo possível na discussão, para que a reforma fique dependendo apenas de Washington.
"Fizemos muitos progressos nos últimos meses e minha esperança é de que, em Tóquio, possamos chegar perto da linha final das discussões - disse a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, confirmando ser muito pouco provável a ratificação do acordo durante a reunião na capital japonesa.
As mudanças no sistema de governança do Fundo foram planejadas para refletir o peso que os países emergentes têm hoje na economia mundial. A instituição precisa se modernizar, mas é uma matemática complexa. Quanto maior a cota, maior o poder de voto e o volume de contribuição de cada membro. A reestruturação prevê que os emergentes fiquem com 6% a mais de cotas, chegando a 45%. O Brasil passaria a integrar, assim, o grupo dos dez maiores cotistas. A Europa perderia espaço. Europeus e americanos sempre dominaram o organismo, criado após a Segunda Guerra Mundial.
"Os EUA não se opõem à reforma, pelo contrário. Mas o momento político atrasou a discussão", explicou uma fonte do governo brasileiro, que participa da reunião em Tóquio.
No encontro dos representantes do Brics, pode ser debatido ainda um outro ponto: detalhes sobre a criação de um fundo comum, anunciada em junho, para proteger as nações emergentes do contágio da crise europeia. O mecanismo só deverá entrar em vigor em abril de 2013 e já foi definido por Mantega como uma "solidariedade financeira."
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