O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira que o Brasil sofrerá as consequências da turbulência global, mas está preparado para enfrentar as dificuldades.
Ele acrescentou que os mecanismos que o governo adotou em reação à crise de 2008 "poderão ser implantados a qualquer momento" se for necessário e disse não acreditar em uma disparada do dólar.
"Temos que ficar alerta, olhando as consequências. É claro que sempre haverá consequências, mesmo o Brasil estando preparado. Sempre há, por exemplo, queda de bolsa, pode haver queda de comércio, um pouco de queda de crédito, mas o Brasil enfrentará com um mínimo de danos à economia uma nova crise", afirmou Mantega a jornalistas ao deixar o ministério.
O ministro disse não crer em um "overshooting" do dólar, que subia 1 por cento nesta quinta-feira.
"Não sabemos qual é a reação do mercado. Porque no passado a gente sabia, era a fuga para a segurança. Mas hoje eu pergunto: onde é que está a segurança?", questionou.
O principal índice das ações europeias caiu 3,3 por cento nesta quinta-feira e as bolsas norte-americanas despencavam cerca de 3 por cento. O Ibovespa, contaminado pelo medo de um agravamento da crise europeia e de uma estagnação global, chegou a cair mais de 6 por cento no pior momento do dia.
"Houve um agravamento da situação internacional, que tem atingido as bolsas do mundo todo, inclusive aqui no Brasil. Isso reflete o enfraquecimento dos Estados Unidos e a situação europeia, que não está sendo resolvida", disse Mantega.
"Espero que não continue esse agravamento, que ele cesse nos próximos dias. Mas, caso haja um agravamento da crise mundial, o Brasil nunca esteve tão bem preparado para enfrentar as consequências dessa crise, ou de uma nova crise."
Em 2008 e 2009, o governo adotou medidas de estímulo à economia em reação à crise global, com redução de impostos para setores da indústria e corte de compulsórios bancários --parcela dos depósitos de bancos que fica retida no Banco Central (BC).