O "pibão grandão" que a presidente Dilma Rousseff pediu de presente no fim do ano passado não deve chegar em 2013, segundo já se admite internamente no governo federal. Na Esplanada dos Ministérios, a ordem é trabalhar para tirar tudo o que foi anunciado do papel e buscar, assim, um crescimento de "pelo menos" 3,5%, estimativa usada nos cenários do Palácio do Planalto sobre o desempenho da economia este ano.
O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 deve ser o melhor do governo Dilma, mas não basta apenas superar os 2,7% de 2011 para a presidente é preciso chegar a, no mínimo, 3,5%. O governo entende que um ritmo forte da economia, na casa dos 5%, está contratado para o ano eleitoral de 2014. Mas, para isso, é preciso que este ano termine bem. "A economia deve começar ainda devagar, e ganhar força a partir do segundo trimestre", disse uma fonte no Planalto.
Ilusão
Grande aposta para puxar a taxa de investimentos para cima, o pacote de concessões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias não deverá causar grande impacto no crescimento do PIB deste ano. Um auxiliar próximo de Dilma afirmou na semana passada que é "ilusão" acreditar que as concessões serão capazes de estimular a economia já em 2013.
No Planalto, os quatro grandes pacotes de concessões de infraestrutura de transportes à iniciativa privada são vistos como uma perspectiva política neste ano. O governo precisa provar que os R$ 223 bilhões em concessões vão efetivamente sair do papel em 2013. Os editais de licitação devem ser feitos dentro do prazo ou com pequeno atraso, a demanda das empresas será grande, e, por fim, os contratos serão assinados até o fim do ano.
"Se tudo der certo, o governo terá vencido uma guerra com a oposição e com o próprio PT, que continua contrário às concessões", disse uma fonte do governo.
Nas rodovias, a parte mais adiantada dos pacotes, estima-se que se alguma ajuda ao crescimento ocorrer neste ano, será residual. Por outro lado, se não houver maiores contratempos, eles vão ajudar a "bombar" o PIB em 2014.
Entraves
Para isso, o governo ainda precisa superar tradicionais entraves internos. Pelo cronograma divulgado em agosto passado, os leilões de dois trechos rodoviários em Minas Gerais, as BR 116 e 040, já deveriam ter ocorrido. Mas eles foram suspensos há duas semanas e ainda não há nova data para a realização.
As concessões em aeroportos estão um passo atrás das rodovias. Só na última quarta-feira foi formalizada a contratação da Empresa Brasileira de Projetos (EBP) para realizar estudos de viabilidade econômica das concessões dos aeroportos de Galeão, no Rio de Janeiro e de Confins, em Minas Gerais. Está previsto também um programa de R$ 7,3 bilhões em investimentos nos aeroportos regionais.