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Cai diferença de competitividade entre ricos e pobres

A diferença de competitividade entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento está diminuindo, aponta o relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado nesta quarta-feira (7), em Genebra. "O resultado reflete a mudança no centro de gravidade da atividade econômica mundial", afirmou o diretor e economista do Centro para a Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, Beñat Bilbao-Osorio, à Agência Estado.

Enquanto o mundo desenvolvido encontra-se mergulhado numa longa crise, em razão da falta de ímpeto da atividade dos Estados Unidos e dos problemas de dívida na Europa, os emergentes exibem vigoroso crescimento econômico.

A distância entre nações ricas e pobres passa por redução principalmente em razão do desempenho da Ásia, especialmente a China, hoje no 26º lugar do ranking de competitividade, um avanço de oito posições em seis anos. "A China vem melhorando sistematicamente, mas, para estar no topo do levantamento, ainda precisa avançar principalmente no quesito da inovação", avalia.

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O Brasil avançou cinco posições e alcançou o 53º lugar em pesquisa global anual do Fórum Econômico Mundial que classifica 142 países de acordo com as condições de competitividade.

O novo ranking mostrou que o Brasil superou a Índia e ficou em segundo lugar, atrás da China, entre os países do BRIC na pesquisa, que combina dados estatísticos e sondagem junto a executivos. O bloco também é formado pela Rússia.

Para a Fundação Dom Cabral, responsável pela realização do estudo no Brasil, o fator mais determinante para essa melhora foi o crescimento econômico com inclusão social, que turbinou a atratividade do mercado doméstico. O Brasil cresceu 7,5 por cento em 2010.

Também contribuiu para o avanço, o clima geral de otimismo com a economia doméstica, que teria influenciado as avaliações sobre o país e a atuação do governo feitas por executivos na sondagem, realizada entre março e maio deste ano.

"Houve uma melhora generalizada da percepção da comunidade empresarial sobre as ações públicas", afirmou o responsável pela pesquisa na escola de negócios Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda.

Entre os 12 pilares da pesquisa, o Brasil teve o progresso mais expressivo em "instituições", que avalia a questões como o quadro legal para negócios, burocracia, corrupção, atitude do governo em relação à iniciativa privada e gerenciamento das finanças públicas.

Nessa categoria, em que dois terços das variáveis são opinativas, o Brasil passou da 93a colocação para a 77a. Na variável "confiança nos políticos", incluída no patamar instituições, o país curiosamente saltou 22 posições. Ainda assim, permaneceu mal posicionado, no 105o lugar.

O Brasil também melhorou de forma significativa no pilar "eficiência do mercado de trabalho" --em que caiu da 96a para a 83a posição. Segundo Arruda, pesaram para a melhora questões como a percepção da cooperação entre empregado e empregador e da qualidade de gestão.

Atrás do Panamá

Apesar do avanço, o Brasil continua sendo considerado um país menos competitivo do que economias menos expressivas, como Panamá, Omã, Tunísia, Chipre e Malta. Também ficou entre os últimos colocados em variáveis como qualidade da educação (115ª) e rigidez de regras trabalhistas (118º).

Para Arruda, a classificação geral do Brasil retrata as disparidades de um país que tem de um lado um grande mercado e uma sofisticação empresarial e financeira elevada, mas onde indicadores básicos de educação e saúde ainda são bastante ruins, e uma infraestutura falha e o marco regulatório também emperram os negócios.

O país teria avançado mais em competitividade nos anos recentes caso houvesse promovido reformas em áreas como a trabalhista e a tributária, e investido de forma mais expressiva em infraestrutura e saúde, afirmou Arruda, que é coordenador do Núcleo de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral.

"O Brasil avançou, mas fica no mesmo lugar", afirmou, acrescentando que, apesar do grande mercado, o país ainda é um "lugar difícil" para as empresas.

Outro ranking de competitividade preparado pela Fundação Dom Cabral no primeiro semestre deste ano, em parceria com o International Institute for Management Development, mostrou uma queda da classificação do Brasil.

As duas sondagens têm diferenças de metodologias e, na primeira pesquisa, pesou contra o Brasil uma queda da produtividade no trabalho --resultante do fato de o emprego ter crescido mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) no período analisado. Essa variável não é levada em conta no ranking do Fórum Econômico Mundial.

Na pesquisa divulgada esta semana, o Brasil teve a piora mais expressiva na variável "estabilidade macroeconômica", que passou da 111a para a 115a posição. Nesse caso, o fator determinante foi uma mudança de metodologia, porque a pesquisa passou a considerar nas estatísticas fiscais do país o endividamento dos Estados e municípios, o que não ocorria até então.

Também pesa contra o Brasil o spread bancário --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada nos empréstimos aos consumidores--, variável em que ficou na 136a posição, mesma colocação do nível anterior.

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