As cenas picantes da apresentadora Daniela Cicarelli com o namorado Tato Malzoni, gravadas no ano passado, na Espanha, devem deixar os assinantes da operadora de telefonia e provedora de internet Brasil Telecom sem acesso ao site YouTube por tempo indeterminado. Desde sábado quem usa banda larga por meio da operadora encontra a página de divulgação gratuita de vídeos indisponível. De acordo com a assessoria de imprensa da Brasil Telecom, o bloqueio segue uma determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) recebida na sexta-feira à noite e não há previsão para o acesso à página ser liberado.
A decisão envolve as empresas operadoras de backbone internacional, aquelas que têm cabos submarinos que fazem ligação com os sites do exterior. Segundo o despacho do desembargador Ênio Santarelli Zuliani, autor da decisão, as empresas responsáveis pelas linhas internacionais de acesso à internet devem promover a "colocação do filtro na solicitação de acesso ou na entrada da resposta no website americano, de forma a inviabilizar, por completo, o acesso, pelos brasileiros, ao filme do casal".
O TJ-SP, no entanto, tem frisado que a determinação judicial restringiria apenas o acesso ao vídeo do casal, não ao site todo. No entendimento da Brasil Telecom, entretanto, o texto da notificação judicial determina o bloqueio do site. A empresa informa que o departamento jurídico estuda a possibilidade de recorrer da determinação judicial. Até ontem, a operadora era a única a impedir o acesso ao site. Embratel, Telefônica Internacional, Telecom Itália e Global Crossing, que também possuem backbones internacionais, não se pronunciaram sobre o assunto.
O especialista em redes e consultor do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Demi Getschko, alerta para a inviabilidade técnica de se impedir exclusivamente o acesso ao vídeo. Mesmo que esse bloqueio fosse implementado, o vídeo sempre surgiria em endereços diferentes. "Até dentro do YouTube o vídeo pode adotar diversas encarnações", frisa. Getschko, que foi um dos responsáveis por trazer a internet para o Brasil, conclui que é impossível "matar" uma informação na rede e que, quando algum conteúdo é considerado irregular, deve-se responsabilizar seu criador as cópias, inevitavelmente, ficariam vagando pela web.
Prejuízo e teorias
O YouTube é o site de vídeos mais acessado da rede. "Por causa do bloqueio, o pessoal está passando menos tempo na internet. Nosso faturamento caiu 30% neste fim de semana", conta Robert Nespolo, dono de uma lan house em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba.
Já circula na internet a teoria de que o bloqueio seria uma estratégia da operadora para aproveitar a decisão judicial e liberar banda. Para o professor de redes de computadores da Faculdade Opet, Luciano Xiscatti, os rumores têm fundamento. "O YouTube sempre tem um nível de uso grande e está constantemente ocupando espaço na rede. Quanto menor for a demanda, mais banda estará disponível", explica.
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