O Brasil registrou déficit em transações correntes de 8,131 bilhões de dólares no mês passado, pior resultado para outubro e não coberto pelos investimentos produtivos, diante do mal desempenho comercial e elevadas remessas de lucros e dividendos.
No acumulado em 12 meses encerrados no mês passado, o déficit em conta corrente do país ficou em 3,73 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta segunda-feira (24).
Este foi o maior déficit registrado para outubro desde o início da série histórica do BC em 1947. O déficit nas transações correntes - importação e exportação de bens e serviços e transações unilaterais do Brasil com o exterior - foi influenciado pelo saldo negativo na balança comercial de 1,177 bilhão de dólares no mês passado, pior resultado para outubro desde 1998.
Pesaram também as remessas de lucros e dividendos, que somaram 1,635 bilhão de dólares em outubro, frente a 1,348 bilhão em igual mês de 2013.
Viagens
Já os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens atingiram 1,637 bilhão de dólares em outubro, ante 1,760 bilhão de dólares em igual mês do ano passado.
Segundo o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a recente alta do dólar tem influenciado essa conta. O BC informou ainda que os gastos com o pagamento de aluguéis de equipamentos no exterior ficaram em 2,059 bilhões de dólares em outubro, ante 2,173 bilhões em igual mês do ano passado.
No ano, o rombo na conta de transações correntes soma 70,697 bilhões de dólares até outubro, acima dos 67,378 bilhões de dólares em igual período de 2013.
Investimento estrangeiro
As contas externas do país continuam mostrando um quadro preocupante, de déficit crescente apenas parcialmente coberto por investimentos estrangeiros. Em outubro, os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram 4,979 bilhões de dólares, acumulando no ano saldo positivo de 51,194 bilhões de dólares.