As contas externas do Brasil encerraram o primeiro semestre de 2013 com o maior rombo da história para o período, abaladas pelo fraco desempenho da balança comercial e tendo à frente um cenário de deterioração, sem perspectiva de que os investimentos produtivos possam compensar o déficit.
O déficit em transações correntes subiu 72,2% no primeiro semestre sobre igual período de 2012, para US$ 43,478 bilhões, informou o Banco Central. O rombo não foi coberto pelos investimentos estrangeiros diretos (IED), que no semestre somaram US$ 30,027 bilhões, pouco acima dos US$ 29,730 bilhões vistos em igual período de 2012.
A conta corrente tem sido afetada pelo fraco desempenho da balança comercial do país que, no primeiro semestre, registrou saldo negativo de US$ 3,092 bilhões, ante superávit de US$ 7,063 bilhões entre janeiro e junho de 2012. Além da atividade econômica interna e mundial mais fraca, a redução das exportações e aumento das importações de petróleo e derivados também afetaram o comércio internacional do Brasil.
Diante desses números, analistas veem cenário mais complicado para as contas externas brasileiras. "Reduzimos nossa projeção para a balança comercial para 2013 (para superávit de US$ 1 bilhão, ante US$ 4,1 bilhões) em virtude da decepção com as exportações e uma balança comercial de petróleo ainda desafiadora", afirmou, em nota, o economista-chefe para América Latina do HSBC, Andre Loes.
Segundo ele, a projeção para o déficit em conta corrente que engloba balança comercial, serviços e transferências unilaterais do país neste ano passou a US$ 78,3 bilhões, ante US$ 75,2 bilhões, em meio ao cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 2,4%, afetado pelo consumo fraco.
Também têm pesado as remessas de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no país, que entre janeiro e junho somaram US$ 14,101 bilhões, 41,3% a mais que o registrado na primeira metade de 2012. Os gastos com juros subiram 32,5% para US$ 5,925 bilhões na mesma comparação.
Para julho, o BC projeta o déficit em transações correntes do país em US$ 4,9 bilhões, ao mesmo tempo em que vê o ingresso líquido de investimentos diretos de US$ 5,3 bilhões no mês.