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Emprego

Brasil tem o pior índice de contratações do mundo, revela pesquisa

Fila para buscar emprego na Agência do Trabalhador de Curitiba: enxugamento de vagas dentro de empresas deve se estender neste ano | Aniele Nacimento/Gazeta do Povo
Fila para buscar emprego na Agência do Trabalhador de Curitiba: enxugamento de vagas dentro de empresas deve se estender neste ano (Foto: Aniele Nacimento/Gazeta do Povo)

A crise afetou diretamente o ritmo de contratações no país em 2015 e esse desempenho deve continuar no vermelho neste início de 2016. Segundo uma pesquisa realizada pela multinacional de recursos humanos Manpower, as empresas estão bastante pessimistas e sem perspectiva de criar novos postos de trabalho no primeiro trimestre do ano.

O levantamento feito pelo grupo mostrou que a previsão de contratação para o período é de -13%, revelando que ainda teremos mais empresas demitindo funcionários do que ampliando sua equipe nos primeiros meses do ano. De acordo com CEO da Manpower Brasil, Nilson Pereira, é muito provável que o resultado negativo permaneça ao longo de todo o primeiro semestre, fazendo o Brasil ocupar a última posição na lista dos 42 países analisados.

Para Pereira, esses dados mostram um cenário bastante preocupante. “O que mais chama a atenção não é só a situação, mas a velocidade com que essa piora aconteceu. O Brasil tinha empresas com bons índices, mas, em apenas dois anos, ele despencou e se tornou o pior entre os países analisados”, explica o executivo. “Tudo mudou muito rápido”.

Talentos

Até mesmo a “boa notícia” presente no relatório da Mangroup tem seus contornos negativos. Apesar de o índice de empregadores que preveem demissões ter caído de 23% para 19%, a redução não representa um momento de estabilidade para o mercado. Na verdade, trata-se de uma situação crítica. “As empresas já estão no limite e não têm mais como demitir. Elas chegaram em um ponto em que diminuir o quadro de funcionários seria dispensar seus talentos”, aponta o CEO.

“A retomada ainda vai acontecer e, nessa hora, as empresas vão depender de seus talentos para se recuperar”, conta o executivo. Assim, ele explica que a principal preocupação das organizações neste momento é se estabilizar para manter esse pessoal de destaque dentro de suas equipes.

Outro ponto que ele destaca é o quanto as empresas se organizaram nesse período. Segundo Pereira, a crise pegou muitas companhias de surpresa, o que resultou nos altos índices do ano passado. Já para 2016, elas fizeram projeções mais realistas e com metas bem menores. “Mesmo assim, quase não temos empresas que pretendem contratar. Ainda não é o momento de respirar aliviado”, dispara.

O CEO da Manpower aponta também o desempenho do Paraná dentro da pesquisa. O índice de contratação entre as empresas do estado foi de -6%, o menor do país, à frente de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. “O Paraná manteve o mesmo resultado do último trimestre de 2015, o que mostra uma estabilidade, ainda que negativa”.

Ainda há vagas

Mas nem tudo é pessimismo. Segundo Pereira, ainda há setores contratando e cada região apontou áreas aquecidas diferentes de acordo com suas demandas. Em Curitiba, por exemplo, as empresas de varejo são as que mais oferecem oportunidades.

Para ele, as companhias procuram uma flexibilização da mão de obra. “O trabalho temporário tem sido um formato de contratação usado para se adequar a esse momento de crise. É uma saída que permite que a organização mantenha os gastos com CLT mais baixos ao mesmo tempo em que cobre a demanda exigida no momento”, explica. E ele acredita que essa é uma tendência que deve perdurar por mais algum tempo.

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