Com o rebaixamento pela Moody’s nesta quarta-feira (24), o Brasil passou a ter a pior nota entre os países dos Brics – Rússia, Índia, China e África do Sul – nas três maiores agências de classificação de risco. O país é o único dos Brics que perdeu o selo de bom pagador na Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch.

CARREGANDO :)

A Rússia é considerada grau especulativo em duas delas - Moody’s e S&P –, mas ainda mantém selo de bom pagador na Fitch, onde recebe a nota BBB-. Ainda assim, a Rússia tem avaliação melhor que a do Brasil nas duas primeiras agências.

Entre os Brics, a China recebe a maior nota de crédito no trio de agências. Em seguida vêm África do Sul, Índia, Rússia e, por fim, o Brasil.

Publicidade

Na Moody’s, o Brasil possui a mesma classificação de risco que Angola, mas perde para Namíbia, que, com Baa3, recebe a chancela de grau de investimento.

Entre seus pares da América do Sul, o Brasil tem pior avaliação na Moody’s que Paraguai (Ba1), Uruguai (Baa2) e Chile (Aa3). Ganha, porém, de Bolívia (Ba3), Equador (B3), Venezuela (Caa3) e Argentina (Ca) –esses dois últimos estão entre os países da região com risco de crédito mais elevado.

Selo

O selo de bom pagador, que é um reconhecimento de que o país é um lugar seguro para os investidores, costuma ser exigido por fundos de investimento e de pensão bilionários para aplicar em títulos de dívida de governos. Normalmente, pedem que a aplicação seja considerada grau de investimento por, pelo menos, duas das grandes agências.

Além disso, quanto melhor a classificação, menor o custo da dívida para o país.

O grau de investimento é uma condição atribuída por agências internacionais de classificação de risco a papéis, empresas ou países para definir que se trata de um investimento seguro -ou seja, com baixo risco de calote.

As três agências risco de maior visibilidade no mundo são a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings.

Rebaixamento

Na manhã desta quarta-feira, a Moody’s cortou em dois níveis a nota do Brasil, de Baa3 – último nível de grau de investimento – para Ba2.

A perspectiva é negativa, o que indica que novo rebaixamento pode ocorrer nos próximos meses. Em dezembro, a Moody’s já havia sinalizado que poderia cortar a nota do país, ao colocá-la em observação, revisando a perspectiva de “estável” para “negativa”.

Publicidade

A Moody’s atribuiu o corte da nota de crédito do país à piora contas do Brasil em um cenário de baixo crescimento, com o endividamento do governo inclinado a superar 80% do PIB (Produto Interno Bruto) dentro de três anos.

A agência citou ainda a dinâmica política desafiadora, que deve continuar a complicar os esforços de consolidação fiscal das autoridades e adiando reformas estruturais. “O fraco apoio político à presidente e à sua administração oferece pouca perspectiva de reformas de maior alcance durante o horizonte de rating”, indica a Moody’s no comunicado.

A perspectiva negativa, prossegue a agência, reflete a visão de que “riscos de uma consolidação e recuperação ainda mais lenta, ou de que ocorra choques adicionais, estão crescendo, criando incertezas sobre a magnitude da deterioração do perfil de dívida do Brasil ao longo do horizonte de rating”.

Moody’s é 3ª agência de risco a retirar selo de bom pagador do Brasil

Agência manteve perspectiva negativa e pode voltar a rebaixar o país

Leia a matéria completa

Efeito dominó

O anúncio ocorre exatamente uma semana após a agência Standard & Poor’s cortar pela segunda vez a nota do país em cinco meses, avaliando que o processo de ajuste da economia será mais prolongado do que o esperado. A perspectiva da S&P é negativa.

Publicidade

A S&P foi a primeira agência a retirar o selo de bom pagador do país, em setembro do ano passado. Três meses depois, foi a vez de a agência Fitch também retirar o grau de investimento do Brasil.

A Moody’s era a última agência entre as três grandes que mantinha o país como grau de investimento, mas o rebaixamento já era esperado pelo próprio governo.

A S&P foi a primeira agência de classificação de risco a elevar o Brasil ao chamado grau de investimento, em abril de 2008, no segundo mandato do presidente Lula. Depois, Fitch (maio de 2008) e Moody’s (setembro de 2009) também deram a mesma chancela ao Brasil.