Visitar a seção de importados das redes varejistas para conferir os rótulos de vinhos e garimpar garrafas raras chegou a ser um hábito entre os brasileiros. Hoje, esse costume deixou de ser exclusividade do ambiente físico e migrou também para o virtual. Prova disso é que o Brasil, com 8 milhões de consumidores, representa o terceiro maior mercado para e-commerce de vinho do mundo, atrás da China e da Inglaterra.
Um dos primeiros varejistas on-line do mercado vinícola brasileiro, a Evino tem como proposta desmistificar o mercado da bebida, mostrando que o vinho não serve apenas para ocasiões especiais, mas para qualquer momento de descontração, como a cerveja.
“Dá para beber na varanda e até com pipoca assistindo a séries”, afirmou Ari Gorenstein, fundador do site, em seminário sobre o mercado do vinho nesta quinta-feira (31/10), na FGV (Fundação Getulio Vargas), em São Paulo.
O preço, admitiu o empresário, é uma barreira para a maior penetração da bebida nos lares brasileiros, principalmente por conta da alta taxa tributária. Ainda assim, ele destacou que o advento de marketplaces como a Amazon — que passou a vender bebidas alcóolicas em sua loja online brasileira esta semana — permite que pequenos fabricantes vendam seus produtos diretamente aos clientes, aumentando a concorrência do setor.
“A internet traz uma nova audiência para o mercado vinícola. Acreditamos que há espaço para crescer, inovar e fazer o brasileiro beber mais vinho”, reforçou o engenheiro mecânico, que decidiu se especializar no mercado de vinhos após estudar um ano na França.
Estudo da consultoria inglesa Wine Intelligence atesta a avaliação de Gorenstein: um em cada quatro brasileiros já faz as compras de vinho pela internet, principalmente em aplicativos especializados no segmento, sites de grandes varejistas e de produtores de vinho.
E o setor vinícola como um todo colabora com o mercado online, ao registrar bons resultados no país. As vendas de vinho nacional cresceram 13,31% em 2018, comparativamente a 2017, segundo dados do Cadastro Vinícola, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
“Enquanto o consumo de vinho no Brasil é de 1,93 litro de vinho per capita, o de cerveja, é de 60 litros per capita”, comparou Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Consulting, reforçando o potencial para crescimento do setor.
Aula de vinho na hora da compra
Com a mudança de perfil dos consumidores brasileiros e concorrência da internet, as lojas físicas tiveram de agregar valor — ou melhor, serviço — aos vinhos vendidos, oferecendo consultoria sobre a bebida.
O Grupo Pão de Açúcar é um dos varejistas que apostou nessa estratégia. No ano passado, a empresa contratou o renomado enófilo Carlos Cabral como consultor próprio e incluiu a função de atendente de vinhos nos supermercados das bandeiras Extra e Pão de Açúcar. “Temos de aculturar o consumidor a comprar vinho, e isso exige informação. Se o cliente degustar a bebida e pegar a garrafa na mão, 50% da venda já terá sido realizada”, estimou Cabral, na FGV.
Segundo o especialista, 165 lojas do Pão de Açúcar no Brasil contam com atendentes para venda de vinhos. No Extra, são 45. Todos os profissionais são formados por ele.
“Se não oferecermos degustação das bebidas aos clientes, não vamos promover a venda de vinhos no Brasil”, disse ele, em uma crítica direta aos fornecedores.
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