Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Ministério do Trabalho, revelam que houve o fechamento de 654 mil empregos com carteira assinada no mês de dezembro. "Já é um efeito forte da crise", avaliou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Este é o pior resultado desde maio de 1999, quando tem início a série histórica disponbilizada pelo governo. Até o momento, o pior desempenho do emprego formal havia sido registrado em dezembro de 2004, quando houve o fechamento de 352 mil vagas formais de trabalho.
O Ministério do Trabalho lembra que os meses de dezembro tradicionalmente já apresentam fechamento de vagas. De acordo com os números da série histórica, porém, normalmente o resultado fica negativo entre 225 mil e cerca de 350 mil. Em 2008, porém, o cenário ficou pior por conta da crise financeira internacional, que está diminuindo o nível da atividade econômica.
Setores
Somente a indústria de transformação foi a responsável pelo fechamento de 273 mil vagas em dezembro, ou seja, foi o setor que mais demitiu no mês passado. "A indústria é o setor mais afetado pela crise, pelo alto estoque e pelas contratações realizadas ao longo de 2008", explicou Lupi.
O setor de Serviços, porém, fechou 117 mil vagas em dezembro, a construção civil demitiu 82,4 mil pessoas, enquanto o Comércio fechou 15 mil vagas. Já a agropecuária demitiu 134 mil pessoas em dezembro. "Todos os setores fecharam vagas em dezembro", notou o ministro Lupi.
Acumulado de 2008
Os dados do Caged mostram ainda que o resultado de dezembro prejudicou os números de todo o ano passado. No acumulado de janeiro a outubro, foram criados mais de 2,1 milhões de postos formais de emprego.
Com a queda de 40 mil vagas em novembro, e de outros 652 mil em dezembro, o número de empregos criados em todo o ano passado recuou para 1,45 milhão de vagas no ano de 2008 fechado.
Contra o ano de 2007, quando foram criadas 1,61 milhão de empregos com carteira assinada, ainda recorde histórico, houve uma queda de 10,2%. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, também foi registrado recuo frente ao ano de 2004, quando foram abertas 1,52 milhão de vagas formais.
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