Para tentar equilibrar o fluxo de entrada e saída de dólares no Brasil, o governo federal lança no dia 7 de dezembro uma ofensiva para estimular a internacionalização das empresas brasileiras. A ideia é facilitar os investimentos brasileiros no exterior para que haja uma maior remessa de dólares para outros países e, assim, enxugar o mercado brasileiro.
"Quando tem um aumento do investimento brasileiro direto no exterior há uma equalização na taxa de câmbio", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.
Segundo o secretário, um levantamento do governo mostra que, nos momentos em que houve uma elevação dos investimentos brasileiros no exterior, a taxa de câmbio ficou mais estável. Barral acredita que um dos fatores de pressão na taxa de câmbio é o fato de os investimentos brasileiros diretos em outros países serem muito menores que os investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil.
De janeiro a agosto deste ano, segundo os dados do Banco Central, o IED foi de US$ 15,88 bilhões. Esta entrada de recursos foi reforçada com o retorno do exterior de US$ 6,04 bilhões em investimentos brasileiros. De 2005 até agosto de 2009, o IED totalizou US$ 129,4 bilhões e os investimentos brasileiros no exterior foram de US$ 52,2 bilhões.
Em evento programado para ocorrer em São Paulo, vários órgãos de governo lançarão uma agenda para 2010 com ações para facilitar a inserção de empresas brasileiras no mercado internacional. Além do Ministério do Desenvolvimento, participaram da elaboração das propostas os ministérios da Fazenda e das Relações Exterior, além do Banco Central. Uma das ideias é que o Itamaraty passe a incluir nas negociações bilaterais mecanismos que atendam aos interesses de internacionalização das empresas brasileiras.
Também haverá mudanças legislativas e tributárias. O ministério do Desenvolvimento irá propor ao Congresso, por exemplo, uma nova lei regulamentando a atuação das empresas de trading (que adquirem produtos no mercado interno para posterior exportação). Barral disse que a lei atual é da década de 70 e não atende mais o dinamismo do comércio mundial. Para o secretário, a internacionalização das empresas brasileiras traz várias vantagens para a economia brasileira, além do efeito macroeconômico de permitir "um certo equilíbrio na taxa de câmbio".