O governo brasileiro pretende aprovar, no âmbito do Mercosul, a ampliação do sistema de pagamentos de moedas locais que já mantém com a Argentina. A decisão será submetida ao Conselho do Mercado Comum - instância máxima decisória do bloco na próxima quinta-feira (23), em Assunção, às vésperas da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul.
O atual sistema, em vigor desde o ano passado, engloba o pagamento, em moedas locais, de comércio de bens. "Queremos expandir para permitir que outros pagamentos sejam feitos através dele como pagamentos previdenciários e exportações de serviços", antecipou o diretor do Departamento do Mercosul do Itamaraty, ministro Bruno Bath, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
O uso de moedas locais no comércio entre os países do Mercosul permite que sejam economizadas reservas internacionais em dólares e euros, que se tornam mais escassas em períodos de crise internacional. Estas moedas são consideradas fortes para as principais transações mundiais (comércio exterior, investimentos, empréstimos). O Brasil, por exemplo, tem reservas internacionais de US$ 209 bilhões.
A intenção do governo brasileiro é adotar o mesmo sistema com os demais parceiros do Mercosul Uruguai e Paraguai. As conversas entre os bancos centrais já começaram.. "Esses contatos ainda estão em fase inicial, pois é um trabalho técnico bastante complexo, mas estamos avançando bem. Há muita vontade dos países em avançar", afirma o diplomata brasileiro.
Os acordos com Uruguai e Paraguai, quando fechados, já incluirão a ampliação que está sendo proposta pelo Brasil. "Eles não precisariam passar pela primeira etapa, só cobrindo comércio de bens", explica Bath.
Seminário sobre o tema foi realizado no dia 22 de abril,. em Montevidéu, com representantes de bancos centrais e ministérios de Economia dos países-membros da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).