Pão de Açúcar, no Rio: custo alto como o da Cidade Maravilhosa não é barreira para o setor| Foto: Antônio Scorza/AFP

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Crise nas empresas aéreas preocupa o setor turístico do país

O prejuízo bilionário das empresas aéreas brasileiras é uma preocupação do Ministério do Turismo e da Abav. Ontem, na abertura da 40.ª Feira das Américas, o presidente da entidade, Antônio Azevedo, citou a Pluna (empresa aérea uruguaia, que faliu em julho) para expressar a preocupação. "Imaginem se uma grande empresa aérea nacional tenha um problema similar. Imediatamente, toda a rede de operações e agenciamento de viagens no Brasil estaria quebrada", disse.

Juntas, TAM e GOL perderam R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre deste ano e sinalizam um aumento de até 10% no preço da tarifa média (R$ 276,25) nos próximos meses para cobrir os rombos. As empresas culpam o preço elevado do combustível e o aumento das tarifas da operação aérea no Brasil.

Entre as possíveis soluções para o setor aéreo, a Abav citou a cobrança do custo de emissão das passagens aéreas, em todos os canais, inclusive nas vendas feitas pelos sites. "A adoção poderia reforçar o fluxo de caixa, minimizando o risco de interrupção de operações", defendeu Azevedo.

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10% de reajuste no preço da tarifa média (R$ 276,25) é até quanto as companhias aéreas estão sinalizando para os próximos meses como forma de cobrir seus prejuízos recentes. Juntas, TAM e GOL perderam R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre deste ano. Ao longo dos últimos anos, as tarifas das companhias caíram com o aumento da demanda e da concorrência. Por outro lado, custos como o preço do combustível, as tarifas de operação nos aeroportos e a taxa de câmbio subiram e reduziram o lucro das empresas.

O brasileiro nunca viajou tanto. Um estudo da Fun­dação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para o Ministério do Turismo, divulgado ontem, durante a 40.ª Feira das Américas da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), no Rio de Janeiro, mostra que 58,9 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma viagem doméstica em 2011, número 18,5% superior ao registrado em 2007, 49,7 milhões.

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De acordo com o estudo, que entrevistou 39 mil famílias em 137 cidades brasileiras, o crescimento foi impulsionado pelos turistas de baixa renda. Entre os brasileiros que ganham até quatro salários mínimos, o número de viagens aumentou 21% em quatro anos.

Para o ministro do Tu­rismo, Gastão Vieira, o crescimento registrado entre a população de menor poder aquisitivo é a prova definitiva de que o brasileiro incorporou o turismo na cesta de produtos primordiais. "A pesquisa oferece um panorama para o governo e para os empresários do setor, de como e onde investir. E existe um novo consumidor surgindo", disse.

O estudo revela ainda que o número de viagens domésticas realizadas no Brasil saltou de 161 milhões em 2007 para 191 milhões em 2011. O crescimento na movimentação internacional é ainda mais expressivo. Em 2007, apenas 2,7% das famílias haviam feito viagens internacionais. Na última edição, o percentual subiu para 4,3%, um salto de 57%. O lazer ainda aparece como a principal motivação da movimentação interna brasileira, com 81,4%, seguido pelas viagens de negócios e de saúde.

O gasto médio per capita dos brasileiros em viagem cresceu 18%. Em 2007, eram R$ 956,9 por pessoa, com R$ 985. Mas ainda assim os preços de hospedagem, alimentação e transporte são considerados caros no país. Para o secretário-executivo do MTur, Valdir Simão, embora ainda seja caro, alguns destinos brasileiros não apresentam preços muito diferentes de outros destinos internacionais. Ele comparou o Rio de Janeiro com Nova York e Londres. "Algumas cidades têm preço muito alto comparando com a média do Brasil", disse.

Em 2015, o MTur espera fechar o ano com 240 milhões de viagens domésticas. Para isso, Gastão Vieira disse que negocia com bancos estatais, o lançamento, em 2013, de linhas de créditos para jovens, trabalhadores e aposentados. Usar R$ 2 bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para financiar férias coletivas também é uma das medidas estudadas.

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Para ele, o crédito não será mais uma medida para endividar as famílias brasileiras. "As linhas de crédito vão beneficiar uma parcela específica da população, que tem capacidade de se endividar", explicou.