A holding brasileira de softwares para educação Arco, dona da plataforma de ensino SAS, abriu capital nesta quarta-feira (26) no pregão da bolsa americana Nasdaq, em Nova York, e encerrou o primeiro pregão em alta de 34,6%, com valor de mercado chegando a US$ 1,18 bilhão. Com a venda de quase 23% do negócio, a companhia captou US$ 194,5 milhões, três vezes mais que a receita do grupo no ano passado, segundo informou o jornal Valor Econômico. Em entrevista ao Valor, o presidente Ari de Sá Cavalcante Neto disse que os recursos serão usados para expandir os negócios, aplicados tanto em novas tecnologias e aperfeiçoamento de produtos como na aquisições de novos ativos.
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Fundada em 2004 pela família Sá Cavalcante, do Ceará, a Arco Educação tem como acionista minoritário o fundo norte-americana de private equity General Atlantic (GA). No processo de abertura de capital, os acionistas fundadores garantiram uma estrutura acionária na qual mantêm total controle sobre as decisões da companhia. Eles detêm ações classe B, com dez vezes mais poder de voto que as ações classe A, ou seja, algo que garante 93% do poder de voto. Ao considerar as duas classes de ações de mesmo valor, a participação da família chegou, no fechamento do pregão, a R$ 2,64 bilhões.
Estreia com bom desempenho
Os papeis saíram a US$ 17,50, valor máximo estimado para a operação. Segundo a reportagem do Valor, a listagem da Nasdaq foi uma opção da companhia para atrair justamente os investidores de tecnologia. “Não era só captar recursos, o que obviamente é muito importante, mas queríamos smart money. São investidores de tecnologia, que já fazem parte desse ecossistema e que podem contribuir com suas experiências para o futuro da companhia”, disse Neto ao jornal.
O desempenho do IPO da Arco ficou acima da média de companhias do mesmo setor e porte semelhante. O preço da oferta indica um múltiplo de 8,5 vezes a receita projetada para o ano. Enquanto a chinesa New Oriental Education & Tecbnology Group, por exemplo, é negociada a 4,9 vezes a receita. Ou a brasileira Kroton, maior empresa privada de educação do país, negociada 3,3 vezes sua receita anual na B3.
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O grupo Arco reúne a SAS Plataforma de Educação, que desenvolve e fornece conteúdo e serviços para as escolas, e o sistema de ensino bilíngue International School. A receita líquida da Arco aumentou 53% em 2017, para R$ 244,4 milhões, com queda de 41% no lucro, para R$ 44 milhões. No primeiro semestre deste ano, a receita aumentou 43,4% e o lucro cresceu 50%. A quantidade de alunos cresceu 13 vezes em menos de oito anos, de 30 mil alunos em 2010 para 400 mil em 2018, e, 1,14 mil escolas privadas.
Positivo Educação estava atenta ao IPO da Arco nos EUA
O IPO da cearense Arco Educação nos EUA foi acompanhado com atenção pelo mercado brasileiro, em especial por uma empresa que atua no mesmo segmento, a Positivo Educação, que estuda a possibilidade de abrir capital no ano que vem no Brasil, mas não descarta a possibilidade de um IPO nos EUA, por exemplo.
Em entrevista recente à Gazeta do Povo , o o vice-presidente do grupo, Lucas Guimarães, disse estar estar acompanhando com bastante atenção a escolha da Arco de fazer IPO na Nasdaq, a bolsa norte-americana:
“Em setembro deve ter o IPO de uma empresa de educação brasileira na Nasdaq [bolsa norte-americana], chama-se Arco. Isso é uma coisa que a gente está olhando atentamente agora porque para a gente é muito bacana. Eles estão se colocando como uma empresa de serviços e tecnologia; é um posicionamento, por exemplo, que a gente nunca imaginou.”
Segundo Lucas, abrir capital lá fora é uma possibilidade que a empresa cogita, porém, com muita cautela. Ele lembra, por exemplo, que a Arco tem participação de um fundo de investimentos, o General Atlantic (GA) e uma pegada mais agressiva de mercado:
“Eventualmente essa pode ser uma saída porque lá você tem outra ancoragem, vai ter outras empresas de tecnologia. Por isso que a gente precisa estudar e pensar com calma. Essa empresa que está abrindo capital, diferente da gente, é uma empresa que tem um fundo de investimento lá dentro, tem outra pegada. Nós não temos isso; são basicamente os fundadores ou sucessores, como é o meu caso, que estão na gestão. É uma visão diferente, não tem aquela coisa agressiva de mercado. É um mundo que a gente está se educando agora, apesar de já ter experiência, a gente quer fazer isso com calma e fazer bem feito.”
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