A processadora de cartões Stone captou US$ 1,5 bilhão em sua oferta pública inicial de ações na Bolsa de tecnologia Nasdaq, em um IPO que atraiu investidores estrelados, como a empresa de Warren Buffett, e que foi precedido por notícias de chantagem e vazamento de dados.
As ações da empresa foram precificadas a US$ 24, acima da faixa prevista entre US$ 21 e US$ 23. Logo no início do pregão na Nasdaq, os papéis subiram para US$ 31,8, alta de 32,5%. Na máxima, atingiram US$ 32,19. Fecharam com valorização de 30,6%, a US$ 31,35.
Inicialmente, a Stone e seus acionistas esperavam inicialmente levantar até US$ 1,1 bilhão (R$ 4,07 bilhões). Mas a forte demanda fez com que a empresa elevasse o volume de ações vendido para cerca de 58 milhões de papéis, movimentando US$ 1,4 bilhão.
A Stone contou ainda com o aporte de US$ 100 milhões da Ant Financial, braço financeiro da gigante chinesa Alibaba, elevando o total a US$ 1,5 bilhão. A procura também fez com que a precificação fosse antecipada para esta quarta, e o IPO, para esta quinta.
Em comentário, o presidente da empresa, Thiago Piau, agradeceu aos funcionários e consumidores por ajudar a Stone a crescer e “abrir um novo capítulo para a empresa hoje”.
“É um tempo empolgante no Brasil, e nós estamos animados em continuar nosso papel de empoderar os varejistas com soluções financeiras modernas e customizadas para desempenhar um papel proeminente em expandir nossa economia.”
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A Stone é controlada pelos fundadores André Street e Eduardo Pontes e tem como acionistas os sócios da 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, além da Madrone Capital Partners, empresa de investimentos americana que administra parte da fortuna da família Walton, sócia majoritária do Wal-Mart.
O dinheiro levantado com o IPO será usado para fusões e aquisições e também como capital de giro. A processadora de cartões prevê crescer oferecendo serviços bancários e criando um programa de fidelidade.
A abertura de capital atraiu a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e a Ant Financial. Mas, antes, a empresa precisou lidar com o vazamento de parte do código-fonte de seus softwares de pagamento, em informação compartilhada com o regulador americano (SEC, na sigla em inglês) na última quarta-feira (24).
A companhia diz ter sofrido chantagem, com pedidos de pagamentos em dinheiro para que novos trechos do programa não fossem vazados. “Nós acreditamos que não houve acesso não autorizado, transferência ou uso inadequado de informações pessoais e financeiras ou de dados de negócios de nossos clientes e seus consumidores”, disse a Stone ao regulador americano.
“Além disso, a fatia do código-fonte vazada não contém informações sensíveis do ponto de vista concorrencial”, afirmou.
A Stone é a segunda empresa de meios de pagamentos brasileira a abrir capital no exterior. Antes dela, a PagSeguro – que pertence ao Grupo UOL, dono da Folha de S.Paulo – movimentou ao menos US$ 2,3 bilhões (R$ 8,6 bilhões) na Bolsa de Nova York.
Foi a maior realizada por um grupo estrangeiro em Wall Street desde o gigante chinês do comércio online Alibaba, que levantou US$ 25 bilhões (cerca de R$ 79 bilhões) em 2014. Desde o lançamento de ações, em janeiro, os papéis da companhia se valorizaram quase 40%.
O sucesso da operação fez com que, em junho, a PagSeguro lançasse uma nova oferta de ações para levantar até US$ 1,1 bilhão.
A Stone tem pouco mais de 200 mil clientes ativos e teve lucro líquido de R$ 87,7 milhões no primeiro semestre deste ano. A receita total somou R$ 636 milhões. Fundada em 2012, tem crescido em um mercado que já foi marcado pelo duopólio formado por Cielo, de Banco do Brasil e Bradesco; e Rede, controlada pelo Itaú Unibanco.
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