O cruzamento de dados de diferentes pesquisas sugere que o desânimo com a situação econômica leva ao maior consumo de bebidas alcoólicas. Em outras palavras, quando a grana é curta, muita gente bebe para esquecer.
Segundo um relatório divulgado pelo SPC Brasil e pelo Ibope DTM, braço de marketing de relacionamento e big data do Ibope Inteligência, quanto piores as expectativas do consumidor brasileiro, maiores são as vendas de garrafas de cachaça.
INFOGRÁFICO: Compare a evolução das vendas de cachaça com a confiança do consumidor
Quem fez a análise foi a PeopleScope, que tem uma base de dados comportamentais dos brasileiros. A empresa cruzou os números do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor – medido mensalmente pelo Ibope Inteligência e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – com as vendas do destilado de cana-de-açúcar em três redes varejistas do país.
O índice que surgiu a partir dessa combinação, batizado de Índice da Cachaça, revela que as vendas da bebida alcançaram seu maior nível em dezembro de 2015, momento em que a confiança atingiu um de seus piores patamares em pelo menos três anos, 12,2% abaixo de sua média histórica.
“Esse é um fenômeno similar ao que aconteceu durante a recessão nos Estados Unidos, no início dos anos 2000, que foi chamado por Leonard Lauder de Índice do Batom”, afirmou Bernardo Canedo, diretor do Ibope DTM, em nota enviada à imprensa.
“Ele [Lauder] percebeu que as vendas de batom dispararam, pois em tempos de incerteza financeira, em vez de as consumidoras comprarem um artigo de luxo de maior custo que lhes proporcionasse uma sensação de bem-estar, optaram por produtos mais baratos, como os cosméticos, que lhes deixavam atraentes e proporcionavam bem-estar”, completou Canedo.
O gráfico que exibe os índices da cachaça e da confiança mostra que durante quase todo o ano de 2015 o ânimo dos consumidores esteve abaixo do verificado em 2013 e 2014. Enquanto isso, a comercialização do destilado ficou acima do observado nos anos anteriores.
Em janeiro e fevereiro deste ano, quando a confiança do consumidor teve uma pequena reação, as vendas de cachaça diminuíram. Mas em março, último mês analisado, tanto a confiança quanto a venda da bebida recuaram, o que indica que a relação entre uma coisa e outra pode não ser tão forte assim.
500 MILHÕES DE LITROS
de aguardente são produzidos anualmente no Brasil, segundo o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) da Receita Federal. Pelo menos 98% desse volume é consumido no mercado interno, o que significa que cada habitante bebe, em média, 3,4 litros da bebida por ano, considerando-se apenas a população adulta. Cerca de 4 mil marcas disputam o mercado nacional.
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