O brasileiro compra pouco produtos de maior valor, como notebooks, em sites estrangeiros. De 2012 a 2013, o número de remessas postais vindas do exterior cresceu 44%, de 14,4 milhões para 20,8 milhões, segundo a Receita. Desses itens, boa parte é formada por roupas, acessórios e novidades do setor de informática e eletrônicos, atrativos por custar menos do que no Brasil. Na hora de trocar o computador ou o celular, no entanto, o consumidor ainda prefere os sites nacionais.
Segundo dados da consultoria E-bit, o valor médio das compras feitas no e-commerce estrangeiro no ano passado foi de R$ 219 33% menos que os R$ 327 gastos por aqui. No mesmo período, as compras de brasileiros em sites do exterior somaram R$ 5 bilhões e R$ 28,8 bilhões nos nacionais.
Entre os fatores que colaboram para esse hábito, estão a demora na entrega de produtos comprados fora do país, as poucas informações sobre sua origem e a falta de garantias. "Há um medo de adquirir itens caros porque não se sabe se têm qualidade. Você não tem para quem reclamar, não há Procon nesses casos", diz a vice-presidente da Abcomm (associação nacional do setor), Solange Oliveira.
Para ela, os grandes atrativos dos sites estrangeiros, sobretudo dos chineses, são os preços (72% dos consumidores consultados pela E-bit citaram esse motivo) e a variedade de eletrônicos.
Preocupações
O presidente da E-bit, Pedro Guasti, diz que a alta do e-commerce estrangeiro ainda não preocupa o setor. "De certa forma, tem impacto aqui, principalmente se são os mesmos produtos. Mas no caso das roupas, por exemplo, o consumidor quer algo melhor, com marca", diz.
Para Oliveira, da Abcomm, a apreensão com o crescimento de sites como o chinês AliExpress deve surgir logo. Ela diz que o Alibaba, dono do site, ampliou o foco no Brasil. O AliExpress passou a oferecer pagamento por boleto bancário, popular no país, e já tem a maioria das seções em português.