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Setor automotivo

Brasileiro ganha com maior oferta e nacionais ficam mais competitivos

A alta nas importações de automóveis é extremamente positiva para o consumidor brasileiro, que tem mais opção de escolha. Além disso, a chegada dos importados ajuda a segurar o preço dos carros nacionais, e a qualidade superior de alguns modelos vindos de fora pressiona a indústria local a fabricar produtos com mais tecnologia e conforto. Também é bom negócio para as montadoras – mesmo aquelas não instaladas no país. No entanto, tem efeito negativo na economia brasileira e no mercado de trabalho do país.

"Para as montadoras, é o melhor dos mundos", diz o professor de Relações Internacionais João Paulo Veiga, da Universidade de São Paulo (USP). "Elas têm a liberdade para escolher o que produzir aqui e o que trazer de fora. Os próprios acordos bilaterais propiciam esta escolha sobre o mix de produtos que elas vão oferecer."

Rafael Ranieri, professor de Economia e Relações Internacionais das Faculdades Integradas Curitiba, lembra que não há sentido hoje em se instalar uma linha de produção completa em cada país. "A estratégia das empresas prevê maior retorno conjugado com uma racionalização da produção internacionalmente." Segundo o professor, nos Estados Unidos 44,5% dos automóveis são fabricados em outros países, sendo que 21% no México e Canadá. No Brasil, o volume está na casa dos 6%.

Para o professor, este é o momento para a chegada de carros de fora do país com competitividade. "Há uma mudança gradual do próprio consumidor, que tem conseguido comprar carros mais equipados e mais caros. Há montadora sem produto para atender a essa demanda, e a solução é importar", avalia. O consultor Richard Dubois lembra ainda que a taxa de juros mais baixa e os fundamentos da economia mais sólidos têm possibilitado a escolha de modelos mais caros. "É um círculo virtuoso. Quanto mais o consumidor compra um produto de qualidade, mais exigente ele fica", afirma o professor Ranieri, das Faculdades Curitiba.

Ele conta ainda que até as marcas que não se instalaram no país aproveitam a situação favorável para fazer uma prospecção de mercado. "Serve como uma porta de entrada, como um teste para ver que carro eu vou produzir neste país."

Em meio a tantos benefícios, a chegada dos importados não é vista com bons olhos por trabalhadores, nem pelo governo. "É muito ruim para o trabalhador, porque na verdade a renda do brasileiro está sustentando os trabalhadores de outros países", afirma o consultor especializado no setor automotivo Richard Dubois. "O Brasil tinha conseguido se colocar como uma alternativa de exportação no mercado mundial, mas está voltando atrás. As montadoras não vêem mais o país como um exportador", explica.

Além disso, abrir mão da produção nacional significa abrir mão de impostos. "Deixam de ser cobrados os impostos na cadeia produtiva, os que incidem sobre a folha de pagamento", diz o consultor. Num país onde praticamente metade do preço do carro é composto por tributos, a perda de arrecadação é bastante grande.

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