Paris (das agências) – O executivo chefe da Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, deve anunciar hoje um plano de três anos de reestruturação que vai mudar a forma de operação da montadora francesa. As novidades devem incluir uma série de modelos novos, mudanças na administração da empresa e, temem os sindicatos, demissões.

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Ghosn ganhou o apelido de "Le Costcutter" (o eliminador de custos, em inglês, com artigo em francês) depois de ter reestruturado a parceira da Renault, a japonesa Nissan, entre 1999 e 2001. Na Nissan, o brasileiro cortou custos e empregos com eficiência e rapidez antes de começar a trabalhar na linha de modelos da empresa.

Resultados impressionantes se seguiram às medidas de Ghosn, com a Nissan se transformando em um caso de empresa ameaçada de falência a um fabricante de automóveis conquistador de mercados. No ano passado, a Nissan vendeu quase 3,6 milhões de carros, 300 mil a mais do que no ano anterior.

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Os lucros da Nissan vêm aumentando a cada ano desde 2001. Nos últimos três meses de 2005, os lucros líquidos da empresa atingiram 135 bilhões de ienes (US$ 1,12 bilhão, cerca de R$ 2,4 bilhões). A expectativa da própria empresa é de que os lucros líquidos cheguem a 517 bilhões de ienes (R$ 9,2 bilhões) no ano fiscal que termina em 31 de março.

Agora é a vez de resolver os problemas da Renault, que recentemente foi superada pela Volkswagen como a marca mais vendida na Europa. A Aliança Nissan-Renault, que se mantém unida por um sistema de propriedade cruzada de ações e com um chefe único desde meados do ano passado, está em quarto lugar em vendas no mundo, depois da General Motors, Toyota e Ford. No ano passado, a aliança detinha quase 9,8% do mercado global de automóveis, tendo vendido mais de 7,1 milhões de carros. Mas ainda há espaço para melhorar.

Ghosn quer que a Renault amplie seus horizontes, olhando além do mercado doméstico na França que – embora sólido e leal – também está afetado por forte competição e demanda baixa. O carro mundial da Renault, o Logan, que é mais barato e visa mercados dos países em processo de industrialização, já é um sucesso.

Porém, espera-se que Ghosn anuncie planos para uma série de novos modelos Renault, talvez ainda no próximo ano, para apoiar a evolução da montadora de um fabricante de carros francês para uma empresa de genuínas ambições globais. Uma opção pode pegar alguns modelos da Nissan, aumentando o processo de compartilhar o uso de plataformas e o desenvolvimento comum de motores.

A Renault também poderá adaptar seus modelos existentes, uma possibilidade que provocou especulações de que está para sair um 4X4 derivado do pioneiro Espace MPV. Ghosn também pode querer construir em cima do sucesso do Logan.

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A estrutura de administração da Renault também está preparada para mudanças profundas que deve diluir o poder dos executivos estabelecidos na sede em Paris. A Renault já disse que vai criar cinco equipes de administração, cada uma responsável por uma região. Foi afastada a especulação de que a Renault vai sair das corridas de Fórmula Um, que tinha sido provocada em grande parte pela decisão anterior de Ghosn de cortar a participação da Nissan em corridas quando reduziu gastos na empresa.