Pesquisa do SPC Brasil feita em todas as capitais mostra que, na média, o brasileiro pretende comprar os mesmos 4,3 presentes de Natal que projetava no ano passado, mas prevê elevar o gasto médio por presente de R$ 86,59, para R$ 122,40. Descontada a inflação o aumento é de mais de 30% no período.
O curioso é que um terço dos respondentes - foram 624 ao todo - pretende gastar menos com presentes natalinos neste ano do que no ano passado e 40% planejam usar o mesmo valor de 2013, de acordo com a pesquisa.
E a lista dos presentes que se pretende comprar não mudou entre 2013 e 2014: roupas em primeiro lugar, seguidas por calçados, perfumes/cosméticos e brinquedos/jogos/videogames.
Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, a aparente contradição - querer gastar menos, comprando os mesmos itens e a mesma quantidade, mas projetando valor mais elevado - se explica, em parte, pela falta de planejamento.
"As pessoas sempre querem gastar o menos possível. Mas o brasileiro tem essa característica de não se planejar, deixar para a última hora, e não se planeja para o Natal também", afirma.
O aumento no valor médio do presente que planejam se explica pela percepção de inflação no período: 51% dos entrevistados relatam a impressão de que os preços estejam mais altos neste ano.
"Percebemos que as pessoas sentem mais a inflação nos itens e presentes de Natal do que na média do dia a dia", afirmou Kawauti.
O levantamento mostrou aumento no porcentual dos que pretendem comprar presentes neste Natal: 87% dos respondentes têm tal intenção, contra 67% dos pesquisados no ano passado.
Ano começa com dívidas
Um dado chamou a atenção dos pesquisadores: se o consumidor pretendia desembolsar menos, mas vai usar mais dinheiro para comprar seus presentes, como os gastos vão caber no orçamento?
Resposta: mais respondentes pretendem usar o cartão de crédito para pagar as lembranças de fim de ano de maneira parcelada. Eram 16% no ano passado, e passou para 27% neste ano os que pretendem comprar em prestações no cartão.
Nesse público, a média será usar cinco parcelas para pagar os presentes. "As pessoas vão começar o ano com o orçamento comprometido até maio, isso sem contar as tradicionais despesas extras de início de ano, como IPVA e material escolar", lembra José Vignoli, educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz, do SPC Brasil.