Carlos Ghosn, CEO da aliança entre Renault, Nissan e Mitsubishi| Foto: Eric Piermont/AFP

O executivo Carlos Ghosn, que comanda a aliança global entre Renault, Nissan e Mitsubishi, foi preso na manhã desta segunda-feira (19), pelas autoridades japonesas. Os procuradores desconfiam que Ghosn informou ao governo do Japão um salário inferior ao que ele efetivamente ganha. Juntas, as três montadoras venderam 10 milhões de veículos, em 2017, fabricados em 112 plantas ao redor do mundo. Brasileiro com ascendências libanesa, Ghosn é o principal executivo da aliança. As informações são das agências de notícias Reuters e AFP.

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A investigação é liderada por procuradores do distrito de Tóquio, no Japão. Varreduras na sede da Nissan e em outros escritórios ligados à empresa foram realizadas na manhã desta segunda-feira (19), e Carlos Ghosn foi convocado a responder perguntas dos procuradores, divulgou a imprensa local.

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Em nota, a Nissan revelou que tem conduzido investigações sobre os ganhos de Ghosn ao longo dos últimos meses, relata a Bloomberg. As investigações mostraram que, ao longo dos últimos anos, tanto Ghosn quanto o diretor Greg Kelly declararam, para o imposto de renda japonês, rendimentos inferiores àqueles que a companhia os pagava. Uma série de outros atos ilícitos foram identificados, como o uso de ativos da companhia para uso pessoal.

Em julho, acionistas da Nissan aprovaram um bônus de 7,4 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões) para Ghosn como compensação pelos resultados apresentados em 2017, seu último ano como CEO da Nissan. O executivo ainda recebeu outros 9,2 milhões de euros (cerca de R$ 40 milhões) ao final do ano.

A operação da procuradoria foi deflagrada na manhã desta segunda-feira, no horário local. Pouco depois das 9h (horário de Brasília), a agência de notícias AFP anunciou a prisão de Ghosn. A agência revelou, ainda, que a Nissan cogita demitir o executivo.

As ações da Renault despencaram. A queda chegou a bater na casa dos 12%, na manhã desta segunda-feira.

Trajetória

Ghosn assumiu a Nissan em 2001, e é um dos raros casos de sucesso de executivos estrangeiros no Japão. Ele se notabilizou por salvar a montadora da falência, conduzindo o Plano de Revitalização da Nissan. A empresa saiu de uma crise profunda, que se arrastava desde os anos 1990, e passou a da rlucro já nos anos 2000.

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O executivo deixou o cargo de diretor executivo da Nissan em 2017, permanece como chairman do Conselho de Diretores da Nissan. Ele foi um dos grandes responsáveis pela aliança com as montadoras Renault e Mitsubishi.

Nascido no Brasil, em 1954, Ghosn passou boa parte da sua juventude no Líbano. Cursou engenharia na Escola Politécnica francesa, em Paris, onde começou sua carreira, na Michelin. De lá, foi para a Renault. Entrou na Nissan em 1999, e logo depois foi conduzido ao cargo de CEO, onde conduziu a recuperação da montadora.

A Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi orgulha-se de ter o único CEO, entre os líderes das principais montadoras do mundo, nascido e criado em mercados emergentes (Brasil e Líbano).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]