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Confiança

Brasileiro tem “pessimismo moderado”, diz analista da FGV

Rio de Janeiro - A queda de 2% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em março foi a mais intensa desde novembro de 2008 (-3,9%). Segundo o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, o resultado do indicador foi derrubado pela queda de 3,8% no Índice das Expectativas (IE) em março, um dos dois sub-indicadores componentes do ICC, e que registrou o mais intenso recuo desde outubro de 2008 (-12%).

Campelo comentou que o patamar de ICC em março, de 120,1 pontos (em uma escala de até 200 pontos), foi o menor dos últimos nove meses. No caso das expectativas, que atingiram 106,8 pontos, o nível de pontuação foi o pior em 13 meses. Para Campelo, os resultados mostram o consumidor mais cauteloso quanto aos rumos futuros da economia brasileira devido ao avanço da inflação e do aperto monetário por parte do governo.

Em um universo de mais de 2 mil domicílios pesquisados entre 28 de fevereiro e 23 de março, a fatia dos entrevistados que preveem melhora na economia nos próximos seis meses caiu de 30,9% para 29,2%. Na mesma base de comparação, subiu de 17% para 21,3% o porcentual de pesquisados que preveem piora no cenário econômico brasileiro nos próximos meses.

A FGV informou, porém, que apesar das expectativas menos otimistas, as avaliações sobre o momento atual da economia sinalizam um grau elevado de satisfação por parte do consumidor brasileiro. De fevereiro para março, a parcela de consumidores pesquisados que consideram boa a situação econômica em sua cidade aumentou de 34,1% para 34,7%.

Inflação

A estimativa de inflação do consumidor para os próximos 12 meses subiu de 6,8% para 7,1% de fevereiro para março, a maior desde abril de 2009. Quanto aos juros, subiu de 64,7% para 68,5% a fatia de consumidores entrevistados que apostam em alta de juros nos próximos meses. "O consumidor já está antecipando um movimento de desaceleração na economia. Dá para dizer que o brasileiro está moderadamente pessimista", avaliou o superintendente.

Os consumidores nas faixas mais abastadas foram os mais pessimistas em março. Na análise por faixas de renda, o ICC mostrou quedas acima da média, de 3,1% nas famílias com ganhos mensais entre R$ 4.801 e R$ 9,6 mil; e de 3,3% nas famílias com renda mensal acima de R$ 9.601. O especialista da fundação comentou que os consumidores de maior poder aquisitivo normalmente contam com maior volume de informação sobre a economia brasileira, e aplicam mais em bolsa. Ou seja: os sinais mais evidentes de um ritmo menor da economia afetariam mais o humor e os negócios dos consumidores mais abastados, na avaliação de Campelo.

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