Um trabalhador brasileiro precisa de 80,3 anos para ganhar o que um CEO (presidente-executivo) de uma empresa nacional ganha em apenas 1 ano, de acordo com a apuração do InfoMoney com o auxílio de estudos da consultoria de RH Michael Page e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Mesmo com crise, a média do salário de CEO de empresas nacionais com faturamento entre R$ 100 e R$ 500 milhões aumentou 2% de 2017 para este ano, segundo o estudo de remuneração feito pela consultoria. A média do piso salarial mensal dos trabalhadores aumentou apenas R$ 10, de R$ 1.133 para R$ 1.143, nos últimos 12 meses, de acordo com o “salariômetro” divulgado pela Fipe.
Anualmente, o trabalhador recebe R$ 14.859, considerando o piso atual citado acima em 12 meses mais o décimo terceiro salário. Enquanto que o CEO nacional recebe R$ 1.194.480 por ano (incluindo os bônus).
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Quando se trata de CEOs multinacionais de empresas do mesmo porte, os trabalhadores precisam de 73,4 anos para alcançar o salário que o executivo consegue em 1 ano. Embora o número apresente uma queda, a diferença ainda é muito grande. O salário anual do CEO multinacional é de R$ 1.090.650 (com o bônus incluso), segundo o estudo, que contou com a participação de 1.150 executivos de alto escalão
Para Fernando Andraus, diretor-executivo da Michael Page, o ano de 2017 foi desafiador política e economicamente, afetando a remuneração total dos executivos, mas com o impacto negativo concentrado justamente nos bônus. “Os salários fixos foram preservados na maior parte dos casos. O impacto negativo foi na remuneração variável, já que uma parte importante das empresas não atingiu seus objetivos”, diz.
Seguindo a tendência de anos anteriores, os CEOs nas empresas nacionais continuam com remuneração superior aos presidentes de subsidiárias multinacionais. Esta diferença pode ser explicada pela exposição direta aos acionistas, maior exposição estatutária e necessidade de administrar a estrutura de capital localmente, segundo indica o estudo.
Diretores financeiros
A disparidade entre o trabalhador brasileiro e o CFO (diretor financeiro) de empresa nacional é um pouco menor: 55,8 anos. Na prática, um trabalhador brasileiro do setor financeiro precisa de mais de 55 anos para conseguir ganhar o que o CFO ganha em 365 dias.
Quando passamos para o CFO multinacional, a diferença cai para 47,7 anos. O salário anual desse profissional é uma média de R$ 772.030, enquanto que o a remuneração do ano para o trabalhador desse setor é de R$ 16.198, considerando o piso estabelecido pela Fipe e o décimo terceiro.
Os salários médios mensais de diretores financeiros de empresas nacionais registraram alta de 3,5% e, de seus pares em multinacionais, 3,25%, segundo o estudo da Michael Page.
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“Apesar do cenário desafiador, ainda há um forte processo de evolução na governança corporativa nas empresas médias e um intenso movimento de melhoria de processos e custos. Executivos financeiros com perfil de corte de custos, de boa abertura com bancos e de rolagem e negociação de dívidas, são os mais demandados e propensos a atingir essa remuneração”, explica Andraus.