Com a renda corroída pela inflação e o maior o risco de desemprego, o brasileiro começa a segurar o dinheiro. E entre as vítimas dos cortes estão os gastos com lazer. A proporção dessas despesas no salário diminuiu de 17,2% em janeiro para 10,9% em março deste ano, segundo levantamento do site de finanças pessoais GuiaBolso obtido pela Folha de S.Paulo.
O estudo, com 12 mil usuários, mostra que a categoria mais afetada foi a de ida a bares e restaurantes: a parcela desses gastos no salário diminuiu de 7,59% para 4,52%.
As despesas com cuidados pessoais – que incluem cabeleireiro e manicure – tiveram a segunda maior queda. Em terceiro lugar, aparecem gastos com cinema, teatro, clubes e academias.
O valor por saída para lazer também diminuiu no período, com destaque para o gasto com bares e restaurantes, que passou de R$ 610 por mês, em média, para R$ 509 –queda de 16,6%.
“Há um efeito sazonal, porque em janeiro as pessoas estão com mais dinheiro no bolso por causa do 13.º salário e de outras bonificações. Mas chama a atenção a queda de fevereiro, mês do Carnaval, no qual as pessoas gastam mais com lazer”, afirma Benjamin Gleason, sócio do GuiaBolso.
Ele lembra também que os três primeiros meses do ano são marcados pelo pagamento de impostos e por gastos com matrícula e material escolar para quem tem filhos. Gleason ressalta, no entanto, que a queda apurada em março mostra influência além da sazonal.
“Os consumidores estão começando a se preparar para o ano difícil pela frente.”
O administrador de empresas Vinicius Alvarenga, 22, foi um dos que reduziram as saídas. Em vez de ir ao restaurante japonês toda semana, passou a ir uma vez ao mês. Além disso, o happy hour passou a ser na casa de um amigo.
Para evitar arriscar as finanças, o consumidor deve se preparar para dias piores. A recomendação do planejador financeiro Roberto Costa Agi é que o trabalhador mantenha como reserva pelo menos seis meses de gastos fixos. Ele diz que também faz diferença reavaliar serviços contratados, como tevê por assinatura, para ver se podem ser reduzidos.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião