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Home page de Flying Kebab: história simples, mas produção e trilha esmeradas | Reprodução
Home page de Flying Kebab: história simples, mas produção e trilha esmeradas| Foto: Reprodução

Harris mostra lado humano da rede

Mas quem, afinal, é Jonathan Harris, que inspirou Flying Kebab? Combinando a ciência da computação, que ele estudou em Oxford, com a antropologia e as artes visuais, ele desenha sistemas para explicar e explorar o mundo e suas relações – um artista que usa a internet para mostrar o lado humano da rede.

Um exemplo de seu trabalho é We Feel Fine, que monitora posts de blogs que contenham a palavra "feel" (sentir). Ele cruza com o IP da pessoa, pega o clima no momento em que ela escreveu, sua idade e sexo – por meio do serviço de blog –, além da localização. Desse modo, é possível conhecer os sentimentos das mulheres de 25 anos em um dia chuvoso em Chicago, por exemplo. Conheça outros projetos de Harris, alguns poucos comerciais, muitos outros experimentais, na sua página pessoal, em number27.org.

São Paulo - Como documentar a experiência única de conhecer um país com uma cultura tão rica e diferente como o Líbano? Fazer um diário online da viagem parece ser a resposta mais comum nos dias de hoje. Para um trio de amigos brasileiros, entretanto, a saída encontrada foi bem mais criativa e original. "Que tal fazer uma websérie de ficção?", pensaram. Foi exatamente assim que nasceu o independente, colaborativo e experimental Flying Ke­­bab (www.flyingkebab.com), que mistura histórias reais e virtuais para contar a saga do jovem Nando em busca de sua herança misteriosa em uma bela e caótica Beirute.

O trio é formado por Matheus Siqueira (estudante de Jornalis­mo e diretor da série), Fernando Borges (fotógrafo e protagonista da história) e Cléderson Perez (estudante de Produção Editorial e produtor do projeto). Juntos, em­­barcaram para o Líbano para trabalhar em uma rede de televisão local e na bagagem levaram a vontade de produzir um trabalho autoral e que explorasse o po­­­tencial da internet para contar uma boa história. A qualidade do trabalho que vem sendo rea­­lizado pela trupe, que foi an­­gariando parceiros e colaboradores graças à web, impressiona.

Mais do que na trama em si – a saga de Nando, apesar de misteriosa e envolvente, é bem simples e até superficial – o char­­me está no esmero da edição, no ca­­pricho da trilha sonora, na criatividade da fotografia. Em suma, a produção é de primeira e o jogo de cena se sobressai muito mais do que o próprio conteúdo. Mas, de um jeito ou de outro, vale a con­­ferida. A série se­­­gue no ar até, pelo menos, fe­­vereiro do ano que vem, quando es­­tá prevista a vol­­ta deles do Lí­­ba­­­no para o Bra­sil. O total de epi­­sódios segue em aberto devido às dificuldades na pré-produção e à falta de grana.

Siqueira se diz aficionado por tecnologia, cinema e novas formas de contar histórias, além de admirar o trabalho de Jonathan Harris (leia sobre ele no texto ao lado). Fica claro que ele resolveu misturar esses gostos e interesses e a combinação saiu no ponto. Nas suas palavras o mérito deve não apenas ser compartilhado com os amigos, mas também com a audiência. "Muitas pessoas assistem ao Flying Kebab, gostam do projeto e, de forma vo­­lun­­tária, resolvem participar de um modo ou outro", conta. A sé­­rie, que está em seu quarto episódio é, em parte, bancada por uma espécie de "vaquinha online".

Ah, sim, e se você chegou até aqui se perguntando o motivo do curioso nome da série a resposta de Matheus talvez não o satisfaça. "No começo a única comida que conhecíamos daqui – fora quibe, esfiha – era kebab, então quando fizemos o primeiro episódio acabou saindo Flying Ke­­bab", explica, rindo.

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