Muitos buscam oportunidades fora do Brasil para escapar da crise. No caso de Daniele Schneider, o medo do desemprego alimentou o desejo de recomeçar a vida no exterior.
Recém-saída de um mestrado, ela e a família estão de malas prontas para Melbourne, na Austrália, onde vai estudar e trabalhar.
Essa é uma decisão cada vez mais comum, segundo empresas que oferecem esse tipo de programa. Quatro operadoras consultadas pela reportagem apontaram um crescimento de pelo menos 30% no último ano no número de pessoas em busca de intercâmbios que permitem conciliar estudo e trabalho – ainda mais para destinos como Irlanda, Canadá, Nova Zelândia e Austrália.
“São estudantes e famílias inteiras que procuram programas que aliam cursos de idiomas ou profissionalizantes com permissão para arranjar um emprego”, explica Paulo Grassi, diretor da World Place Intercâmbio e Turismo. “E o que mais surpreendeu foi o aumento de pais com filhos que querem ir embora [do Brasil] para estudar”.
A educação é a principal porta de entrada escolhida por quem deseja morar em algum desses países. De acordo com o diretor regional da World Study, Diego Brum, como é muito mais complicado conseguir um visto de imigração, fazer um curso de intercâmbio que oferece também a possibilidade de trabalhar pode ser uma solução para quem quer morar no exterior.
Assim, além de aprender um novo idioma ou se especializar em alguma área, a pessoa tem a permissão para procurar um emprego e, em alguns casos, conseguir uma extensão do visto.
A Nova Zelândia, por exemplo, registrou um crescimento de 23% no número de vistos expedidos para estudantes brasileiros em 2015, conforme dados da embaixada do país no Brasil.
“Nesse momento de crise, muita gente procura essa opção de estudar e trabalhar para, quando voltar para o Brasil, ter uma experiência profissional completa”, diz Ana Azevedo, diretora de desenvolvimento de mercado da Education New Zealand.
Além das facilidades para atrair estudantes, o país oceânico conta com o chamado visto de trabalho pós-estudo. Com ele, é possível estender a duração da residência na ilha em até dois anos.
A ideia é que o profissional possa colocar em prática os conhecimentos adquiridos na especialização dentro da própria indústria neozelandesa.