A queda na renda e o aumento em preços como energia elétrica e alimentos, que consomem uma fatia considerável do orçamento dos consumidores, contribuem para a sensação de que o dinheiro está mais curto| Foto: Roberto Custodio/Jornal de Londrina

Os brasileiros estão cada vez mais pessimistas em relação à inflação, afirmou o economista Pedro Guilherme Costa Ferreira, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em agosto, os consumidores declararam esperar aumento de 10% nos preços pelos próximos 12 meses. É a primeira vez que a expectativa atinge dois dígitos em dez anos de pesquisa, segundo a instituição.

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“As pessoas estão cada vez mais pessimistas, o que me leva a crer que a expectativa vai continuar no patamar de 10% por algum tempo”, disse o pesquisador.

A percepção de que o bolso está menor atinge desde a classe de renda mais baixa até as que ganham mais de R$ 9,6 mil mensais. As estimativas das famílias atingiram uma homogeneidade inédita e estão entre 10% e 10,1%. Geralmente, a baixa renda costuma apontar um aumento de preços mais intenso.

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A piora ainda vai na contramão dos analistas de mercado, que revisaram para baixo a perspectiva para o IPCA neste ano, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda. “As medidas que estão sendo tomadas pelo Banco Central estão ancorando (as expectativas) pelo lado do mercado, mas o consumidor não cria um modelo na cabeça dele que impute a variável Selic. O modelo dele tem a renda e os preços do dia a dia”, explicou o economista.

Motivos

Segundo Ferreira, a queda na renda e o aumento em preços como energia elétrica e alimentos, que consomem uma fatia considerável do orçamento dos consumidores, contribuem para a sensação de que o dinheiro está mais curto – consequentemente, a inflação parece mais elevada.

A inflação atual também ajuda a criar essa percepção. Hoje, o IPCA, índice oficial de inflação, acumula alta de 9,56%.

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