O brasileiro nunca andou com tanto dinheiro no bolso. Literalmente. As notas de real que circulam pela economia do Oiapoque ao Chuí, sejam elas novas ou velhas, já chegam a R$ 161 bilhões, ou 4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Central (BC). Nem mesmo durante o auge do período inflacionário, quando o governo era obrigado a emitir dinheiro rapidamente para compensar a perda de valor da moeda, havia tantas cédulas em uso no país. Não passavam de 0,8% do PIB em 1993. A expectativa é que, dentro de cinco anos, o Brasil chegará aos índices dos Estados Unidos e União Europeia e movimentará nada menos que 6% do PIB em dinheiro em espécie.
A estabilidade econômica, a queda dos juros, a ascensão de mais de 30 milhões de pessoas à classe média e o acesso cada vez mais disseminado ao sistema financeiro estão por trás desses números. Por sinal, o BC prepara uma verdadeira estratégia de guerra para manter abastecidos os caixas automáticos dos bancos por todo o país durante a Copa e as Olimpíadas. A ideia é promover uma grande campanha bilíngue contra a falsificação de dinheiro, mostrando também aos gringos como reconhecer as notas verdadeiras. Os anúncios com as de R$ 10 e R$ 20 saem ainda neste ano.
Em espécie
Dados de uma pesquisa feita pelo BC mostram que, de 2007 a 2010, mais pessoas de todas as classes passaram a ter um acesso mais amplo ao sistema financeiro. No entanto, ele ainda é um luxo das classes AB. Nesta categoria, 70% das pessoas têm conta corrente, contra 52% da classe C e apenas 29%, da DE.
Mesmo assim, em mundo cada vez mais digital, a maioria da população brasileira ainda recebe salário e paga suas contas em dinheiro. De acordo com o BC, o pagamento de 55% dos brasileiros é feito em espécie no fim do mês. Este porcentual sobe para 70% no Nordeste do país. Ainda segundo o órgão, o dinheiro em papel também é preferência na hora das compras, sendo usado em 77% destas transações. Os outros meios de pagamento (cartões de crédito e débito, cheque, débito automático e vale refeição) são usados por 23% da população, mas têm a preferência de 45% nas classes AB.