Brasileiros recorrem a empréstimos para fazer apostas online, diz pesquisa| Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
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Uma pesquisa realizada pela Klavi, uma startup de Open Finance, revelou que cerca de 30% dos brasileiros que possuem contas em banco já buscaram empréstimos para realizar apostas online nos últimos 12 meses. O levantamento, divulgado pelo jornal Estado de S. Paulo.

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A startup fez uma análise de perfil de aposta variável por indivíduo e mostrou ainda que, dos correntistas que buscaram empréstimos para custear jogos online, o gasto médio por pessoa foi de R$ 1.113,09. Houve, contudo, quem gastasse quantias maiores.

Para 5% das pessoas que realizaram apostas, o gasto médio com as chamadas bets foram em torno de R$ 4 mil. Em caso de apostadores recorrentes, houve quem chegou a gastar mais de R$ 50 mil em apostas antes de pedir algum tipo de empréstimo ao seu banco, de acordo com o levantamento.

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A maioria dos apostadores buscaram créditos entre R$ 500 e R$ 4 mil, valores considerados relativamente baixos. Dos perfis analisados, 24% deixaram de comprar acessórios (calçados, bolsas, joias, bijuterias) para fazer apostas online; 19% alegam que deixaram de viajar e 11% deixaram de pagar contas como de água, luz e gás para fazer as bets.

A pesquisa realizada pela Klavi analisou o comportamento de crédito de cinco mil clientes de todo o Brasil a fim de entender seus gastos em sites de aposta e jogos de azar online, como o conhecido "tigrinho". A fintech utilizou seu banco de dados e informações obtidas por meio do Open Finance para cruzar informações de forma anônima.

Através da verificação de extrato de correntistas e diferenciando seus gastos e pagamentos feitos à CNPJs vinculados a empresas de apostas, chegou-se às informações sobre a quantidade de brasileiros que recorreram a empréstimos para manter o vício em apostas online.

O perfil do brasileiro que busca empréstimo para fazer apostas

O levantamento realizado pela Klavi traçou ainda um perfil do brasileiro que recorre aos empréstimos para realizar apostas online. A maioria deles, segundo a pesquisa, é homem (58%), com idade entre 35 e 49 anos (47%), vive no Sudeste (60%) e ganha de um a três salários mínimos, ou seja, entre R$ 1,4 mil e R$ 4,2 mil (64%).

Dos 64% que recebem entre um e três salários mínimos, 40% são contratados com regime CLT. Ao Estadão, o CEO e fundador da Klavi, Bruno Chan, avalia que os resultados do levantamento são preocupantes. “As pessoas gastam com as apostas e ficam inadimplentes”, disse.

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Governo quer regulamentação das apostas online

As chamadas "Bets" foram "legalizadas" em 2018, mas a lei determinava que a regulamentação deveria ser feita em dois anos, o que ainda não aconteceu. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a regulamentação dessas plataformas com a intenção de conter o endividamento dos mais pobres.

“O Brasil sempre foi contra cassino e qualquer tipo de jogo de azar. Hoje, através de um celular, o jogo está dentro da casa da família, dentro da sala. Nós estamos percebendo no Brasil o endividamento das pessoas mais pobres tentando ganhar dinheiro fazendo apostas”, disse Lula durante evento em Nova York nesta semana.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]