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Comércio exterior

Brasileiros transferem produção para a China

Caçado em campo, Dinelson reclama de violência dos zagueiros | Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo
Caçado em campo, Dinelson reclama de violência dos zagueiros (Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo)

Brasília – A forte concorrência chinesa vem forçando a migração de parte da produção industrial brasileira para a China, em busca de menores custos de produção. Sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 12% das grandes empresas entrevistadas já transferiram, direta ou indiretamente, parte de sua produção para a China. Segundo o levantamento, 7% das grandes empresas consultadas já produzem com fábrica própria na China e mais 5% terceirizaram parte da produção com empresas naquele país.

O coordenador da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, avalia que, para os próximos anos, a tendência é de que haja mais acirramento da concorrência entre a indústria brasileira e os produtos da China. "Por isso é preciso criar condições para enfrentar essa concorrência", afirmou.

Castelo Branco ressaltou que "não dá para colocar salvaguardas", por exemplo, em todas as importações da China. A solução, na avaliação dele, é melhorar a capacidade de competição das empresas brasileiras.

Ainda segundo o levantamento da CNI, uma em cada quatro empresas industriais do Brasil sofre a concorrência de produtos chineses no mercado brasileiro, principalmente em setores como têxtil, vestuário, equipamentos hospitalares e de precisão e calçados. Entre as que relatam a concorrência, 52% perceberam que sua participação no mercado doméstico diminuiu.

O estudo mostra ainda que a concorrência do gigante asiático também pesa no mercado externo. Segundo a CNI, 54% das indústrias brasileiras que exportam concorrem com os chineses. Dentre elas, 58% perderam clientes para concorrentes da China.

Entre os setores mais afetados pela concorrência chinesa estão alguns que são grandes empregadores, como as indústrias têxtil e de vestuário. A sondagem revelou que 75% das empresas têxteis consultadas que concorrem com os chineses relataram que tiveram queda de participação nas vendas ao mercado interno. Entre as empresas de vestuário esse porcentual é de 66%.

No mercado externo, o setor de vestuário está entre os que mais tiveram perdas decorrentes da ação chinesa. A sondagem mostra que 31% das empresas desse setor que concorrem com a China no mercado internacional pararam de exportar e 69% afirmaram que perderam clientes para os chineses.

No setor de couros, 30% das empresas que concorriam com a China deixaram de exportar e 40% perderam clientes externos para os chineses. Na indústria de calçados, 20% das empresas consultadas deixaram de exportar por causa da concorrência da China e 65% relataram perda de clientes.

A adoção de eventuais medidas de proteção comercial contra a invasão de produtos chineses foi dificultada depois que o governo Lula reconheceu a China como economia de mercado para ajudar a entrada daquele país na Organização Mundial de Comércio. Com esse acordo, a adoção de medidas de proteção passou a depender de uma série de exigências, como longos processos em que deve ser provado e calculado o possível dano que os produtos chineses causam à indústria nacional.

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