O esforço do Planalto em aprovar o projeto que flexibiliza a meta fiscal esbarrou novamente na oposição e em novas manifestações. Ontem à noite, às 21h45, a sessão do Congresso ultrapassava a marca de 11 horas ainda sem previsão de quando seria iniciada a votação do projeto que altera o cálculo da meta de superávit, foco das discussões políticas das últimas semanas. Já haviam sido votados dois vetos e ainda estava em análise um projeto que liberaria cerca de R$ 240 milhões para custear as pensões e aposentadorias pagas pelo fundo de pensão Aerus.
Durante a votação, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, chegou a tentar um acordo de procedimentos para transferir a votação da brecha fiscal para a próxima terça, com o estabelecimento de um rito que acabasse com a obstrução número definido de oradores e votação nominal.
A proposta não foi aceita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que preside a Mesa do Congresso e estava disposto a levar a sessão o tempo que fosse preciso. Diante disso, Alves garantiu a presença do PMDB. "Vou ficar aqui ate o fim da votação. A votação desse projeto interessa ao governo e, consequentemente, ao PMDB", declarou.
A oposição também prometia não dar trégua. "Vamos resistir até o fim. Se a bancada do governo quer debate, vai ter debate e vamos varar a madrugada", afirmou o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE).
Ao longo do dia, parlamentares contrários ao projeto obstruíram o quanto puderam a sessão do Congresso (que é realizada em conjunto pela Câmara e pelo Senado) e contaram com o reforço de uma pequena blitz de simpatizantes do PSDB. Até o fechamento da edição, a votação do projeto ainda não havia sido concluída.
O grupo de manifestantes chegou a ter cerca de 50 pessoas. Eles chegaram cedo na chapelaria da Casa, local por onde os congressistas desembarcam de seus carros. No início da noite, eles contabilizavam ter dado entrada em mais de dez habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para terem acesso às galerias. Prometiam ainda entrar com um mandado de segurança para anular a sessão de terça-feira.
Manifestantes balançaram o carro do senador José Sarney (PMDB-AP), que desistiu de desembarcar na chapelaria. O vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) teve o carro cercado e discutiu com o grupo que protestava.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi ovacionado pelos manifestantes, que o chamavam de "presidente" e "guerreiro do povo brasileiro". O parlamentar criticou o PT e a proibição do acesso dos manifestantes. "Isso aqui é a ditadura do PT. Negar a galeria para vocês é um crime. Se fossem os marginais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto), o PT tinha botado para dentro", disse Bolsonaro.
Reforço artístico
Já o cantor Lobão, que tem participado de manifestações contra a presidente Dilma, entrou no Congresso sem dificuldades. "Seu eu entrei, as pessoas vão ter que entrar. Estou aqui para liberar as pessoas. Viemos aqui, todos nós, para fazer uma pressão genuína contra um golpe contra o povo brasileiro", disse o cantor. Um dos coordenadores da segurança da Casa informou que o cantor foi autorizado a entrar por ser "deputado eleito". O artista, no entanto, não foi nem sequer candidato.
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