A presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, anunciou nesta quarta-feira (29) que a Corte de contas irá realizar uma auditoria no sistema de denúncias e de combate a assédio da Caixa. A decisão foi anunciada em meio as denúncias de assédio sexual contra o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. O site Metrópoles revelou nesta terça (28) denúncias de funcionárias do banco que se sentiram abusadas por Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho.
“Esse episódio recente, que merece ser investigado e, se confirmado, punido com todo rigor, é apenas um sintoma grave de um problema muito maior, que é a ausência de políticas eficazes de prevenção e combate ao assédio nas organizações públicas. E, se formos tratar a situação apenas com olhar punitivo, isso não resolverá o futuro, apenas o passado”, disse Ana Arraes.
Segundo os relatos, as funcionárias do banco não denunciaram antes as situações por medo de serem perseguidas. Além disso, as vítimas disseram não confiar nos canais de denúncias internas do banco. A Caixa possui uma Corregedoria específica para investigar casos como os divulgados, informou o Estadão.
“A gente tinha muito receio, porque a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, porque em qualquer lugar em que vá essa denúncia ele pode ter um infiltrado. E isso afeta o resto do meu encarreiramento, no aspecto profissional. Então, era melhor esperar passar”, disse uma das mulheres ouvidas pelo Metrópoles. “Noventa por cento das mulheres não vão falar porque ele tem poder”, completou.
O Ministério Público Federal (MPF) já investiga as denúncias contra o gestor em inquérito que corre em sigilo. Além do MPF, o Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal abriu uma apuração preliminar sobre o caso. A notícia de fato foi aberta de ofício pelo MPT a pedido do procurador Paulo Neto. Caso o órgão conclua que pode atuar no caso, poderá ser aberto um inquérito civil.