Ouça este conteúdo
O governo brasileiro defende a criação de um novo sistema global de pagamentos em substituição ao Swift, e não apoia a instituição de plataformas específicas para alguns países, como a que a Rússia solicitou ao grupo dos Brics. A informação é do secretário de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério da Economia, Erivaldo Gomes.
Na última sexta-feira (8), o ministro das finanças da Rússia, Anton Siluanov, solicitou em reunião dos Brics que o grupo criasse seu próprio sistema de cooperação financeira e integrasse as plataformas de pagamentos e cartões, além de usar as moedas nacionais nas operações de exportação e importação.
Trata-se de uma tentativa da Rússia de contornar as sanções econômicas que sofreu após invadir a Ucrânia. Entre outras coisas, o país perdeu acesso ao sistema Swift e já não conta com operações de operadoras internacionais de cartões como Visa e Mastercard. Além de Brasil e Rússia, o grupo dos Brics reúne também Índia, China e África do Sul.
"O Brasil entende que isso [um novo sistema de pagamentos] deveria ser em âmbito multilateral, uma plataforma global, que não seja específica de alguns países, para ter penetração, resposta adequada. Um Swift 2.0, por exemplo. Até para evitar fragmentação", disse Gomes a jornalistas. "É um tema que os russos colocaram [na última reunião dos Brics], não é um tema de trabalho, não está na nossa agenda."
O secretário brasileiro disse que, embora funcione e seja confiável, o Swift não tem a agilidade necessária para a atual dinâmica da economia mundial. "Um pagamento que fazemos daqui para um organismo multilateral, para uma instituição, às vezes leva dois ou três dias para chegar à conta dele. É um processo burocrático, caro, demorado, não compatível com as demandas da economia de hoje."