Prejudicado pelo avanço da inflação, o salário real de contratação nos empregos com carteira assinada caiu quase 9%, em média, em apenas seis meses. As informações são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Em valores corrigidos pela inflação (INPC), o salário médio de admissão no Brasil era de aproximadamente R$ 1.877 em outubro do ano passado. Ficou relativamente estável nos quatro meses seguintes e subiu com mais força em março e abril de 2021, quando chegou a R$ 1.964. De lá para cá, foram seis quedas consecutivas no salário médio de contratação, que encerrou outubro em R$ 1.795, segundo dados do Novo Caged divulgados na terça-feira (30). O valor é 8,6% inferior ao de abril e 4,4% menor que o de outubro de 2020.
A queda no salário dos recém-contratados coincide com o forte aumento da inflação e com uma desaceleração na geração de empregos formais.
De acordo com o INPC (índice mais usado nas negociações salariais), a inflação acumulada em 12 meses sobe sem trégua desde junho do ano passado. Desde então, o índice anual passou de 2,35% para 11,08%, segundo o dado mais recente, de outubro.
A alta de preços reduz o poder de compra dos assalariados. Em outubro, por exemplo, 70% das negociações coletivas terminaram com reajuste salarial abaixo da inflação, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O Novo Caged indica que o saldo de contratações com carteira assinada ainda é bastante positivo, mas em outubro diminuiu pelo segundo mês seguido, e o número de postos de trabalho criados no mês (253 mil) foi o menor desde abril.