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O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, defendeu a estatal das críticas em razão dos reajustes nos combustíveis, disse não ter nenhum tipo de ressentimento com o presidente Jair Bolsonaro por causa da demissão e afirmou que não conversa com ele há cerca de dois meses. Silva e Luna será substituído pelo economista Adriano Pires.
Em entrevista para o Estadão, o general declarou que seu sucessor precisará de sorte para conseguir cumprir as demandas do governo na estatal. “Vamos ver se meu sucessor tem sorte, de ele chegar aqui e acabar a guerra. Que esse conflito de oferta e demanda se equilibre”, afirmou Silva e Luna. Segundo ele, a empresa tem uma governança muito forte, que foi construída a partir dos problemas passados e que, dentro da esfera legal, fez tudo o que podia.
“A ideia de preço de paridade de importações, que é uma referência, isso está mais do que compreendido. Não aceitar isso é que é difícil. Agora, muitas vezes, o pessoal diz que é muito mais fácil encontrar um culpado do que uma solução. Talvez esse endereçamento tenha sido só para ficar na empresa, mas a gente sabe que o preço do combustível, se pegar a gasolina, por exemplo, é um terço do valor, depois tem tributos, tem serviços, e isso não está no nosso colo”, afirmou o general.
Já em declarações para a revista Veja, Silva e Luna se mostrou ressentido por não ter ocorrido um telefonema por parte de Bolsonaro para comunicar a demissão e afirmou que sofreu certa pressão do governo para tomar ações dentro da Petrobras. “As pressões sempre foram crescentes. Em torno do preço dos combustíveis, por troca de diretores. Foram todas absorvidas, nunca cedidas. Nenhuma. Essas resistências foram crescendo, foram feitas algumas sinalizações públicas. Mas eu não abandonaria o campo de batalha. Não me senti surpreendido com o desfecho. A forma me surpreendeu um pouco”, afirmou o general.
“Esperava um contato telefônico, algo nesse sentido. Como estou aqui para um mandato de dois anos, não imaginava esse tipo de armadilha. Tive contato com a lista a ser enviada ao conselho de administração de última hora, tirando meu nome e colocando outros. Caberia uma maneira mais respeitosa de se fazer isso. Considero como parte do processo. Mas não custava dizer que precisava do cargo, me ligar. Estaríamos resolvidos. Não tenho apego a cargo, a nada. O final do filme não foi surpresa, mas jamais imaginei que chegaria a esse momento. Não negocio com minha alma. Não vendo minha alma a ninguém”, declarou Silva e Luna.