A diminuição no número de respondentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) pode ter gerado dados subestimados sobre o emprego formal no país em 2020. A avaliação é do Ipea, após estudo realizado pelo Instituto e divulgado nessa quinta-feira (18). A estimativa é de que a queda no número de entrevistados em decorrência da pandemia do novo coronavírus tenha alterado a composição da amostra e causado diferença estimada em 0,85 e 0,69 pontos porcentuais na razão entre o número de empregos formais e da população em idade ativa no 2º e no 3º trimestres, respectivamente. Essa disparidade representa 1,5 milhão e 1,2 milhão de postos de trabalho.
Feita trimestralmente pelo IBGE, a Pnad Contínua é baseada em entrevistas, feitas em domicílios selecionados, ouvidos por cinco períodos consecutivos. Pré-pandemia, essa coleta de informações era realizada presencialmente mas, em decorrência da emergência sanitária, passou a ocorrer via telefone, com redução no número de entrevistas. Com base nessa mudança, os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada entendem que a amostra pode ter sido comprometida, ou seja, que ela pode não mais representar a população do mesmo modo de antes.
Essa análise pode explicar a discrepância entre os registros da Pnad e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que no período apontou um cenário melhor no campo da carteira assinada.